Mais de 6 mil animais já foram resgatados na tragédia do Rio Grande do Sul
'É muito animal, gente, na pontinha do telhado, preso na janela, nadando incansavelmente', descreveu voluntária
Equipes de salvamento e voluntários já resgataram quase 6.000 animais nas enchentes do Rio Grande do Sul até a manhã desta terça-feira (7).
Segundo o governo gaúcho, 5.432 bichos foram socorridos por Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Polícia Civil.
Já a organização não governamental Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) informou ter salvo 214 animais na região metropolitana de Porto Alegre, duramente afetada pelo transbordamento do Lago Guaíba.
Com o apoio de barcos e helicópteros, a Polícia Militar de Santa Catarina, que está envolvida na frente de ajuda ao Rio Grande do Sul, afirmou ter retirado das águas 200 animais com vida. A maioria, informa a corporação, estava presa em telhados.
Nas redes sociais, Carla Sássi, coordenadora do GRAD, descreveu as cenas desoladoras que vem enfrentando nos últimos dias.
“É muito animal, gente, na pontinha do telhado, é muito animal preso na janela, é muito animal que que está nadando incansavelmente”, disse.
Já a ativista da causa ambiental Deise Falci mobilizou voluntários para ajudar uma mulher identificada apenas como Sandra.
Ela estava há mais de 40 horas ilhada no telhado de casa com 27 gatos e seis cães e se recusava a deixar o local sem seus bichos.
Num dos resgates, em Eldorado do Sul, Deisi retirou do telhado um cão que aguardava por ajuda há cinco dias
“Ele só parou de gritar quando viu que fomos em sua direção”, afirmou.
Outra ONG que atua nos resgates, a Campo Bom pra Cachorro, que fica no município de Campo Bom (RS), na região metropolitana de Porto Alegre, relatou ter salvado 80 animais num único dia. No total, a ONG já ajudou 200 bichos desde o início das tempestades.
Segundo representantes da organização, a quantidade de animais resgatados é tão grande que já não há mais espaço para receber mais bichos. A ONG pede ajuda para que voluntários possam acolher, temporariamente, os animais recolhidos.
“Novo Hamburgo (RS) está mandando muito cachorro para cá. A gente não pode mais aceitar animais aqui. Tem gente chegando aqui sendo grosso com a gente, brigando com a gente, querendo a qualquer custo trazer animais de todos os bairros”, avisou nas redes sociais a voluntária Kayanne Braga.
Já Carla Ebert, dona de um pet shop em Esteio (RS), contou que abrigou 50 animais deixados para trás nas enchentes.
Ela diz que pessoas comuns estão resgatando os animais e levando-os para um abrigo cedido pela prefeitura.
“É muito animal. É uma coisa absurda. A gente vai ver quando baixar a água, a gente nem está preparado para isso, devido aos que morreram”, relatou Carla.
A influenciadora e protetora animal Luísa Mell, que viajou para Canoas, na Grande Porto Alegre, para participar dos resgates, também foi às redes pedir ajuda.
Por meio do Instagram, Luísa relatou que ladrões estão assaltando os barcos utilizados para o transporte de pessoas, animais e alimentos na região.
“Olha que absurdo, tem cavalo, tem cachorro nos barcos, e a gente está com medo de sair porque estão assaltando os barcos. Não dá, não dá pra acreditar em tanta maldade. Vocês acreditam numa coisa dessas? Não é possível, sério”, relatou Luísa Mell
Luísa Mell disse ainda ter encontrado vários cavalos sem vida durante suas incursões pelas áreas alagadas.
E afirmou que mobilizou veterinários experientes para participar dos resgates. “Contratei pessoas especialistas, os caras são bem experientes, se ela (uma égua) não for agora, ela pode morrer”, disse.