Europa enfrenta onda de calor extremo com temperaturas acima de 44°C

O calor abrasador que assola a Europa nos últimos dias está transformando a região mediterrânea em um verdadeiro inferno climático.

Temperaturas que ultrapassam os 40°C, ventos fortes e estiagem prolongada criaram uma tempestade perfeita, segundo cientistas, alimentando incêndios florestais de grandes proporções e provocando mortes, evacuações e danos irreparáveis a áreas protegidas.

A Espanha enfrenta múltiplos focos ativos. No domingo (10), chamas em León e Zamora obrigaram mais de mil pessoas a deixarem suas casas, enquanto a Galícia segue consumida por incêndios de difícil controle.

O cenário era previsível, segundo o órgão nacional de meteorologia espanhol: uma primavera chuvosa estimulou o crescimento de vegetação que, agora seca pelo calor extremo e pela ausência de chuva, se tornou combustível.

A França, que registrou seu maior incêndio desde 1949 contabiliza um morto, além de 20 bombeiros e cinco civis feridos.

Na segunda-feira (11), mais da metade do país estava sob alertas de calor, com 12 regiões em nível máximo.

Meteorologistas projetam recordes históricos para o início da semana, com picos acima de 42°C no sudoeste. No fim de semana, a vila de Tourbes, próxima a Béziers, já havia registrado 41,4°C.

Na Itália, a tragédia mais comovente veio de Florença: um menino de quatro anos morreu de insolação após ser encontrado inconsciente dentro do carro da família, na Sardenha.

Apesar de ter sido levado de helicóptero a Roma, não resistiu aos danos cerebrais irreversíveis. O país decretou alerta vermelho para sete grandes cidades, incluindo Bolonha e a própria Florença, que pode atingir 40°C nos próximos dias.

O avanço das chamas também preocupa nos Bálcãs. Autoridades croatas descreveram como “sobre-humano” o esforço para conter um grande incêndio próximo a Split.

Na Sérvia, meteorologistas alertaram para condições extremas, com termômetros beirando os 40°C. Albânia e Montenegro também registraram evacuações forçadas.

A Aemet, agência meteorológica da Espanha, prevê máximas de 37°C a 39°C no interior da Península Ibérica e acima de 40°C no País Basco, com possibilidade de 44°C no baixo Guadalquivir.

O impacto não é apenas humano e ambiental. As chamas já atingiram o sítio arqueológico de Las Médulas, patrimônio da humanidade pela Unesco, em El Bierzo, e lar de castanheiras centenárias.

A crise é mais um sintoma da aceleração das mudanças climáticas: o planeta aqueceu cerca de 1,4°C em relação aos níveis pré-industriais devido à queima de combustíveis fósseis e à destruição de ecossistemas.

A Europa aquece quase o dobro dessa média global, e, neste verão, uma massa de ar quente e seco sobre a Península Ibérica e a França, combinada a altos índices de radiação solar, fez as temperaturas dispararem, deixando um rastro de fumaça, cinzas e urgência climática.