Desmatamento na Amazônia cai para a menor taxa da última década
Devastação atual ainda é alarmante: correspondeu a quatro vezes a área da cidade de São Paulo em florestas

A notícia é boa, mas nem tanto. O desmatamento na Amazônia apresentou uma queda expressiva de 30,6% em 2024, atingindo o menor índice desde 2015. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 6, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MME). Diminuir o dano sempre é muito bom, mas o desmatamento ainda é uma vergonha para o país. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram derrubadas quatro cidades de São Paulo em florestas ( o que equivale a 6.288 km²). Os dados são do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).”Manter a floresta em pé é essencial para proteger o clima, a biodiversidade, os povos da floresta e obviamente a vida humana com qualidade de vida em nosso planeta”, diz Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.
No último mês, a região registrou um aumento preocupante, impulsionado por incêndios florestais agravados pelas seca histórica em 2023 e 2024. O fogo foi o motor para o aumento de 9,1% na taxa de desmatamento, entre agosto de 2024 e maio de 2025. Em maio de 2025, a situação tornou-se mais dramática, com elevação de 92% em relação a maio de 2024. A situação foi classificada como “sem precedentes históricos”, pelo ministro substituto do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco. Secas constantes deixam as regiões mais sensíveis a novos incêndios, o que só aumentam os desafios.
A perda de florestas primárias devido a incêndios foi responsável por quase metade de toda a perda de cobertura de florestas primárias no mundo, em 2024, de acordo com dados do Inpe baseados no World Resources Institute (WRI). Diante da tragédia anunciada, o governo federal tem implementado uma série de medidas para corrigir o curso e combater o desmatamento, visando a meta de desmatamento zero até 2030.
Uma das ações mais relevantes é a criação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que estabelece diretrizes para disciplinar o uso do fogo, focar na prevenção e combate a incêndios, conservar ecossistemas e respeitar práticas tradicionais, promovendo a corresponsabilidade entre União, estados, municípios, setor privado e sociedade. Outro instrumento fundamental para fortalecer as respostas aos incêndios florestais é a Lei 15.143/2025, sancionada recentemente, que amplia a capacidade de enfrentamento aos incêndios florestais e facilita a reconstrução de infraestrutura destruída por eventos climáticos extremos.
A fiscalização também foi intensificada pelo governo federal para coibir o desmatamento ilegal. Entre agosto de 2024 e maio de 2025, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 18.964 ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram em mais de 5 mil autos de infração e R$ 3,1 bilhões em multas. Além disso, foram expedidos 3.637 termos de embargo, com 560,6 mil hectares embargados, e mais de 9 mil notificações com medidas de proteção contra incêndios. No Cerrado, foram aplicados R$ 578 milhões em multas, e no Pantanal, as ações geraram R$ 430 milhões em multas.
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Pantanal e o Cerrado reduzem desmatamento
No Pantanal, os dados indicam uma queda expressiva de 74% no desmatamento no período acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025, em comparação com o ciclo anterior (2023-2024). Apenas em maio de 2025, a redução foi de 65% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Além disso, o bioma demonstrou uma melhora significativa no controle das queimadas, com menos de 10 quilômetros quadrados de área queimada entre fevereiro, março e abril de 2025, o que representa uma redução de 99% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O Cerrado também seguiu essa tendência positiva, com uma redução de 22% na taxa de desmatamento no acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025, e uma diminuição de 15% em maio de 2025 na comparação com o mesmo mês de 2024.
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+https://veja.abril.com.br/agenda-verde/amazonia-desmatamento-cai-mas-degradacao-da-floresta-cresce-163-em-dois-anos/