Como o novo satélite da Agência Espacial Europeia ‘pesa’ a Amazônia
Sistema espacial de radar mede quantidade de carbono armazenado na floresta

Um novo satélite da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) foi lançado na última terça, 29, rumo à órbita terrestre para coletar dados das principais florestas do mundo. Entre elas, a Amazônia será alvo da pesquisa que busca mapear o material lenhoso, ou seja, de madeira, na região. Os dados serão essenciais para “pesar” a quantidade de dióxido de carbono armazenada nas árvores, além do bioma brasileiro, da Indonésia e do Congo. O satélite está a bordo do foguete Vega-C da ESA que partiu da Guiana Francesa.
O satélite desenvolvido pela Airbus UK foi apelidado de “space brolly” (guarda-chuva espacial em tradução livre para o português) por conta da sua antena de 12 metros de diâmetro que se assemelha a um guarda-chuva. A inovação do modelo é um sistema especial de radar capaz de descobrir o que está debaixo da copa das árvores.

Debaixo das copas
Simonetta Cheli, Diretora dos Programas de Observação da Terra da ESA, explica a importância do satélite: “Em termos de tecnologia, representa um grande avanço com um novo radar de banda P, nunca antes utilizado em voo, e que nos fornecerá um escaneamento 3D da floresta tropical.”Com 1,2 tonelada, o satélite tem um comprimento de onda longo que permite enxergar debaixo da densa camada de folhas das árvores e ver os galhos e troncos.
O material lenhoso, a madeira, é um indicador da quantidade de dióxido de carbono armazenado na floresta. O gás é o principal responsável pelo aquecimento global da Terra, então sua medição está diretamente relacionada com as condições climáticas no planeta e suas consequências para a humanidade. “É uma missão sobre ciência e tecnologia, mas também sobre os cidadãos do nosso planeta”, disse Cheli em coletiva de imprensa antes do lançamento do foguete.
Mapas de carbono
O projeto visa produzir os primeiros mapas 3D das florestas dentro de seis meses, segundo a BBC. Por conta do longo comprimento de onda, as imagens não serão prejudicadas por nuvens, por exemplo. A visão seguirá consistente podendo ser comparada mais precisamente de ano a ano.
Pelos próximos cinco anos, o satélite continuará coletando dados e poderá mostrar o carbono armazenado assim como o quanto está sendo perdido por conta do desmatamento.
O Dr. Ralph Cordey, chefe de geociências da Airbus, demonstrou entusiasmo com a nova tecnologia. “Estamos ansiosos porque isso vai nos dizer sobre algo que talvez consideremos garantido. Nossas florestas, nossas árvores, como elas estão contribuindo para os processos que governam nosso planeta e, em particular, o que está por trás das mudanças climáticas, algo que é extremamente importante hoje e no futuro.”