Cinco grandes cidades do mundo que podem estar alagadas já em 2030
Se nada for feito para conter o avanço do aquecimento global, cidades costeiras podem perder parte de seu território para o mar
O aquecimento global é um fenômeno que tem avançado cada vez mais rápido. A cada nova projeção, o tempo para reverter o quadro se torna menor e os efeitos das mudanças climáticas já podem ser sentidos de maneira cada vez mais intensa em todo o planeta.
O aumento da temperatura da Terra está fazendo com que as geleiras derretam com uma frequência muito além da projetada anos atrás e, por consequência, o nível do mar pode atingir níveis alarmantes antes do previsto.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, publicado em agosto deste ano, o nível do mar pode subir cerca de 2 metros até 2100, chegando a 5 metros em 2150 caso o cenário se mantenha o mesmo.
Além disso, ainda que as emissões sejam reduzidas, o mar continuará a subir e as consequências serão significativas.
Foi se apoiando no mesmo relatório que a Climate Central, ONG de notícias relacionadas à ciência do clima, criou um mapa interativo de forma a ilustrar como o caos no clima pode impactar as cidades costeiras já nos próximos anos.
Apesar de possuir uma série de variáveis — dados incompletos, avanços significativos na redução das emissões, adaptações e soluções para conter o aumento da água –, o projeto traz um dado preocupante: cidades vulneráveis podem ficar alagadas já em 2030.
Veneza
Fundada sobre uma série de ilhotas, a milenar cidade de Veneza, na Itália, é um dos pontos mais vulneráveis do planeta. O crescimento desordenado e a enorme quantidade de áreas aterradas torna Veneza particularmente frágil ante a subida das marés, sendo alagada de tempos em tempos.
A esse fenômeno corriqueiro, comum particularmente no outono e inverno, chama-se de acqua alta.
O problema é que as mudanças climáticas tem colaborado de forma decisiva para o aumento do nível dos mares ao provocar o derretimento das calotas polares.
De 1890 para cá, o nível do mar aumentou 32 centímetros na capital da região de Vêneto, onde se localiza a bela cidade. Para se ter uma ideia do quão grave é a situação por lá, cientistas calculam que basta uma elevação de 50 centímetros no nível das águas para que a Praça São Marco fique permanentemente alagada.
Além disso, a região sul da Europa tem sofrido a incidência de tempestades cada vez mais intensas. Na última semana, um temporal despejou o equivalente a um ano de chuva sobre a cidade de Catania, na Sicília.
Numa tentativa de conter o avanço das águas, os venezianos criaram um sistema de “impermeabilização” chamado Mose, composto por 78 comportas para proteger a cidade das ondas crescentes. O sistema, até aqui, tem funcionado.
Amsterdã
Notável por ser extremamente plana e abaixo do nível do mar, a geografia da Holanda representa, há séculos, um desafio para a existência do país.
Cerca de metade de seu território fica a menos de um metro acima do nível do mar e algumas regiões estão, de fato, abaixo deste nível. É o caso da capital, Amsterdã.
Uma das soluções encontradas por lá foi a criação de uma barreira para conter o Mar do Norte.
Há 80 anos, um dique com 32 quilômetros foi erguido para impedir o avanço das águas em dias de mar revolto.
No entanto, pesquisadores holandeses vêm alertando que o aumento do nível do mar pode fazer com que a tecnologia fique obsoleta.
E que não seja mais suficiente para manter a metrópole protegida.
Nova Orleans
A exemplo de Amsterdã, Nova Orleans também conta com um sistema de diques para mantê-la protegida.
Isso porque a metrópole símbolo do jazz é cercada por três rios e está bem próxima ao Golfo do México, notório por seus potentes furacões.
A cidade já sofreu um dos maiores desastres climáticos da era contemporânea, o furacão Katrina, em 2005. A catástrofe deixou um rastro de 1.800 mortes e prejuízos da ordem de 125 bilhões de dólares, o maior da história dos Estados Unidos.
Nova Orleans ficou submersa porque seu sistema de diques falhou por completo. Para resolver o problema, o governo americano gastou 14 bilhões de dólares para criar um sistema mais moderno, capaz de segurar a maré mesmo em caso de furacões violentos.
O problema é que, a cada ano, as tormentas que fustigam a América Central, o Caribe e a América do Norte estão mais potentes. E o ganho de força vem sendo atribuído à subida nos termômetros globais.
Como consequência, é crescente a quantidade de climatologistas que alertam que a frequência de furacões de grande porte pode ser tão grande que torne inútil a construção de diques.
Bangkok
Cientistas acreditam que Bangkok, a populosa capital da Tailândia, 11 milhões de habitantes, é hoje a cidade mais atingida pelo caos no clima.
Bangkok está a apenas 1,5 metro acima do nível do mar e sofre do mesmo problema de Veneza: seu território afunda cerca de dois a três centímetros por ano. Em alguns bairros mais críticos, o afundamento já supera um metro.
Erguida sob uma camada de argila mole acima de um pântano, ela pode sumir por completo já no próximo século, com todo o seu terreno sendo engolido pelo mar.
De acordo com as estimativas do Climate Central, grande parte da capital será submersa até 2030 caso o cenário permaneça o mesmo, incluindo a área onde está localizado o principal aeroporto do país.
A elevação do nível do mar e os eventuais danos irreversíveis a uma infraestrutura já prejudicada poderão causar a migração de milhões de pessoas.
Ho Chi Minh
A cidade ao sul do Vietnã tem uma elevação média de 19 metros e, se comparada às outras cidades em risco, pode não parecer um problema.
No entanto, seus distritos a leste, construídos sobre área pantanosa, estão sob ameaça de desaparecer até 2030.
Ainda que a sua área central dificilmente seja inundada, o aumento do nível do mar poderá potencializar ainda mais os eventos climáticos, cada vez mais frequentes devido às mudanças causadas pelos seres humanos.
Inundações, tempestades tropicais e a infiltração de água salgada no lençol freático poderá inviabilizar o cotidiano em boa parte da cidade vietnamita.
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