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Cientistas preparam expedição para região desconhecida da Amazônia

Área de altitude elevada tem características e espécies diferentes daquelas que podem ser encontradas na floresta

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 out 2022, 14h22 - Publicado em 24 out 2022, 14h08

De janeiro a setembro deste ano, o desmatamento na Amazônia atingiu a marca de 9.069 quilômetros quadrados, o que representa a maior devastação da floresta em 15 anos. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o número corresponde a quase oito vezes a cidade do Rio de Janeiro. 

Enquanto o avanço da destruição bate recorde atrás de recorde, há partes da floresta que ainda são completamente desconhecidas pela ciência. Em novembro, uma equipe de cientistas, sendo a maioria da Universidade de São Paulo (USP), com apoio do Exército brasileiro, embarcará em uma expedição de 17 dias para a Serra do Imeri, um conjunto de montanhas no norte do Amazonas, próximo à fronteira com a Venezuela, para fazer um inventário da biodiversidade daquele local e, em um segundo momento, analisar como as espécies poderão ser impactadas pelos efeitos da mudança do clima.

De acordo com o zoólogo e líder da expedição, Miguel Trefaut Rodrigues, “é impossível dizer o que vamos encontrar lá. O local escolhido é um conjunto de montanhas que está isolado há muito tempo. Só estando lá para saber o que vamos encontrar naquela região”. A Serra do Imeri está localizada no planalto das Guianas e concentra os picos mais altos do Brasil, como o Pico da Neblina, com 2.995 metros de altitude, e o Pico 31 de Março, com 2.974 metros de altitude.

Parte da equipe de pesquisadores da expedição participou da primeira incursão ao Pico da Neblina, realizada em 2017. “Como descobrimos espécies extremamente interessantes e completamente desconhecidas da ciência na primeira expedição, decidimos ir para este novo local. Essa área de montanhas nunca foi explorada no país”, explicou Rodrigues.

Por ser uma região de altitude elevada, a biodiversidade é muito diferente daquela que costuma ser encontrada na floresta. Na época, Rodrigues explicou que “em altitudes superiores a 1.700 metros prevalecem paisagens que não têm absolutamente nada a ver com a Amazônia atual: são campos abertos e com clima muito mais frio que o da floresta”. Como resultado da expedição ao Pico da Neblina, foram identificadas 12 espécies sem descrição científica.

Para a nova missão, tudo é uma incógnita. “Pode ser que a gente encontre espécies que tenham relação com o Pico da Neblina, com a Mata Atlântica ou com os Andes. Do ponto de vista de clima, o que podemos dizer é que as espécies que estão vivendo lá em cima enfrentam condições climáticas que, muito provavelmente, aconteceram na região mais baixa da Amazônia durante o auge do Período Glacial. Só vamos descobrir quais são as tolerâncias delas quando estivermos lá”, explicou.

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