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Cientistas alertam que aquecimento global está se acelerando

Ondas de calor que varreram o planeta em 2023 apontam para futuro de extremos

Por Ernesto Neves Atualizado em 26 dez 2023, 15h29 - Publicado em 26 dez 2023, 12h47

Ao longo última década, climatologistas das mais diferentes instituições alertaram que a taxa de subida dos termômetros planetários pode estar se acelerando.

A hipótese não chegou a ganhar consenso na comunidade científica, já que o aquecimento do globo vinnha mantendo-se estável.

Mas agora, depois da inédita ebulição do clima planetário verificada em 2023, cientistas alertam que a aceleração das mudanças climáticas já é uma realidade.

Em artigo publicado em dezembro, um grupo de pesquisadores liderados pelo cientista americano James Hansen argumentam que o ritmo do aquecimento global deve aumentar 50 por cento nas próximas décadas, com uma escalada de impactos também crescente.

De acordo esses cientistas, a quantidade crescente de energia térmica retida no planeta – conhecida como o “desequilíbrio energético”, é a responsável pela aceleração das mudanças do clima.

“Se há mais energia entrando do que saindo, o globo fica mais quente. E se aumentar esse desequilíbrio, vai ficar mais quente ainda mais rápido”, afirmou o pesquisador ao jornal “The Washington Post”.

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Outro estudioso do assunto o climatologista Zeke Hausfather, da Universidade Berkeley, da Califórnia, reforçou a hipótese com os recordes batidos nos quatro continentes ao longo do ano.

“Há evidências crescentes de que o aquecimento global se acelerou nos últimos 15 anos”, afirmou.

Moradora de Porto Alegre enfrenta enchente provocada por ciclone, em setembro
Moradora de Porto Alegre enfrenta enchente provocada por ciclone, em setembro (Getty/Getty Images)

Análises mostram que o ritmo do aquecimento global se acelerou a partir dos anos 1970. E a explicação é inusitada.

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Até então, atividades industriais despejavam poluição pesada na atmosfera, criando espessa camada de fuligem. Essa fumaça negra era fatal para os pulmões, matando milhares anualmente.

Mas ajudava a criar uma barreira ao calor do sol, que acabava refletido pelas partículas em suspensão.

Um estudo recente publicado no Journal of Advances in Modeling Earth Systems, por exemplo, descobriu que na década de 1980 estas partículas reduziram em aproximadamente 80% o ritmo do aquecimento climático.

Esse escudo se desfez a partir dos anos 1970, quando governos de países desenvolvidos passaram a implementar leis ambientais severas para conter as emissões.

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Entre 1880 e 1969, o planeta aqueceu lentamente – a uma taxa de cerca de 0,04 graus Celsius por década.

Parte substancial do debate sobre se o aquecimento está de fato mais aceleradom gira em torno de novas regras para emissões no transporte marítimo.

Cientistas argumentam que a mudança nas emissões de partículas por navios pode contribuir para um grande aumento no desequilíbrio energético da Terra – a quantidade extra de calor que permanece dentro do sistema terrestre em vez de escapar para o espaço.

Em 2020, a Organização Marítima Internacional instituiu uma regra que exige uma redução substancial do teor de enxofre no óleo combustível.

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Desde então, a poluição por aerossol de sulfato proveniente do transporte marítimo despencou, reduzindo a quantidade de partículas em suspensão.

Poluição pesada encobre Londres, em 1951: fuligem ajudou a reduzir o ritmo do aquecimento
Poluição pesada encobre Londres, em 1951: fuligem ajudou a reduzir o ritmo do aquecimento (Getty/Getty Images)
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