China anuncia meta inédita para cortar emissões em todos os setores da economia
ONU divulga que China adotará meta de redução de emissões em todos os setores, após Cúpula da Ambição Climática

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou que o país elaborará um plano abrangente de redução de emissões que, pela primeira vez, abrangerá todos os setores da economia e todos os gases de efeito estufa, no contexto das negociações climáticas conduzidas pelas Nações Unidas.
Em um discurso amplamente interpretado como uma reafirmação do compromisso do maior emissor global com a ação climática, Xi afirmou, na quarta-feira (24), que “não importa como a situação internacional se altere, a China não recuará em seus esforços para enfrentar as mudanças climáticas”.
A declaração foi feita durante uma cúpula virtual de líderes globais, organizada pela ONU em parceria com o governo brasileiro.
Na ocasião, Xi revelou que a China estabelecerá novas metas de corte de emissões até 2035, que contemplarão toda a economia e todos os gases de efeito estufa — e não apenas o dióxido de carbono (CO₂), como previsto atualmente.
A informação foi confirmada por meio de uma nota divulgada pela agência estatal de notícias chinesa.
Atualmente, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) da China — submetida há quatro anos — estipula metas climáticas até 2030, com foco exclusivo nas emissões de CO₂ provenientes do setor energético.
A ampliação do escopo das metas chinesas é considerada essencial para manter as metas do Acordo de Paris ao alcance.
A China é a maior emissora global de metano, gás com maior potencial de aquecimento global no curto prazo, cuja origem está concentrada em atividades como mineração de carvão e agropecuária.
Em pronunciamento à imprensa logo após o encontro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou o anúncio como “extremamente relevante para a agenda climática global”, destacando a importância da próxima NDC chinesa no contexto da COP30, prevista para novembro deste ano, no Brasil.
Após a maior parte dos países não cumprir o prazo inicial de fevereiro para a apresentação de suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), a presidência brasileira da COP30 — responsável pela organização da conferência climática da ONU marcada para novembro deste ano — e representantes das Nações Unidas intensificaram os apelos para que os compromissos atualizados sejam submetidos até setembro.
Durante a cúpula virtual realizada na quarta-feira, que reuniu 17 chefes de Estado e de governo, o Brasil instou as maiores economias do mundo — incluindo a União Europeia e a China — a estabelecerem metas de redução de emissões compatíveis com o objetivo de limitar o aquecimento global a “bem menos de 2 °C”, conforme estipulado pelo Acordo de Paris.
Especialistas alertam que o planeta já se encontra perigosamente próximo de ultrapassar o limite de 1,5 °C de aumento na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais — a meta mais ambiciosa do tratado climático firmado em 2015.
Atualmente, a China, que é responsável por aproximadamente um terço das emissões globais, tem como meta atingir o pico de emissões de CO₂ “antes de 2030” e alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
Além disso, desde 2020, o país se comprometeu a reduzir as emissões de CO₂ por unidade do PIB — uma medida conhecida como intensidade de carbono — em mais de 65% em relação aos níveis de 2005 até 2030.
No entanto, a China está significativamente distante de cumprir essa meta de intensidade, devido ao efeito combinado de um crescimento econômico mais lento e um aumento mais rápido nas emissões de CO₂.
No mesmo discurso, Xi pediu que os países apoiassem a ação climática multilateral e aprofundassem a cooperação internacional, permitindo o livre fluxo de tecnologias verdes — uma crítica implícita às políticas adotadas pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.
Durante seu governo, Trump iniciou o processo de retirada dos EUA do Acordo de Paris e impôs tarifas de até 3.521% sobre painéis solares provenientes de importantes produtores asiáticos.
“A transição verde é a única maneira de lidar com as mudanças climáticas e um novo motor para o desenvolvimento econômico e social”, afirmou Xi.