Censo: capitais da Amazônia têm ruas menos arborizadas, cidades do agro são exemplo positivo
59 milhões dos brasileiros vivem em locais sem nenhuma árvore, revela IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados do Censo Demográfico 2022, desta vez referentes à pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios.
O levantamento avaliou dez aspectos da infraestrutura urbana em todos os 5.568 municípios brasileiros, com foco em temas como arborização, acessibilidade e mobilidade.
E abrangeu exclusivamente as zonas urbanas do país, considerando os domicílios de 174,1 milhões de pessoas — o equivalente a 85% da população brasileira — distribuídas em 5.698 municípios.
Mesmo situadas em plena Amazônia, cidades e estados da região apresentam alguns dos piores índices de arborização urbana do país, de acordo com os dados mais recentes do Censo 2022, divulgados pelo IBGE.
Em contraste, áreas fortemente ligadas ao agronegócio — como o interior de São Paulo, o norte do Paraná e o estado do Mato Grosso do Sul — figuram entre os destaques positivos, com altos percentuais de vias urbanas arborizadas.
De acordo com o Censo 2022, 114,9 milhões de brasileiros — o equivalente a 66% da população analisada — vivem em ruas com algum nível de arborização. Para fins estatísticos, o IBGE considerou como arborizada qualquer via que possuísse ao menos uma árvore com altura mínima de 1,70 metro.
O levantamento também classificou os trechos urbanos conforme a quantidade de árvores visíveis: entre uma e duas, de três a quatro, e mais de cinco.
Confira abaixo o ranking de arborização das capitais
Campo Grande (MS) – 91,4%
Goiânia (GO) – 89,6%
Palmas (TO) – 88,7%
Curitiba (PR) – 88,2%
Brasília (DF) – 86,7%
Porto Alegre (RS) – 85,5%
Belo Horizonte (MG) – 84,9%
Cuiabá (MT) – 84,3%
São Paulo (SP) – 74,5%
Rio de Janeiro (RJ) – 68,7%
Macapá (AP) – 66,1%
Fortaleza (CE) – 65,7%
Teresina (PI) – 64,9%
Maceió (AL) – 64,4%
Natal (RN) – 63,4%
João Pessoa (PB) – 62,7%
Boa Vista (RR) – 62,5%
Rio Branco (AC) – 61,4%
São Luís (MA) – 60,9%
Aracaju (SE) – 60,5%
Vitória (ES) – 59,6%
Palmas (TO) – 58,7%
Macapá (AP) – 57,4%
Boa Vista (RR) – 56,3%
Rio Branco (AC) – 55,2%
São Luís (MA) – 54,8%
Aracaju (SE) – 53,9%
Região Norte enfrenta grande déficit de arborização
De acordo com os dados do Censo 2022, Belém (PA), que sediará a COP30 em 2025, apresenta apenas 44,65% de sua população urbana vivendo em ruas com pelo menos uma árvore.
Esse índice está abaixo da média nacional e reflete uma realidade crítica para muitas cidades da Região Norte.
Entre as capitais da região, a situação é ainda mais alarmante. Rio Branco (AC), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR) figuram entre os piores desempenhos do país em termos de arborização urbana.
Os percentuais dessas cidades são, respectivamente, 39,86%, 62,87%, 44,81%, 64,86% e 52,64%, o que indica a necessidade urgente de políticas públicas focadas na vegetação urbana para melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.
Esses dados são um reflexo das dificuldades enfrentadas por essas cidades, especialmente considerando a importância da arborização para a saúde pública, mitigação das mudanças climáticas e o bem-estar urbano.
Ausência de verde ainda é problema nacional
Segundo o IBGE, cerca de 59 milhões de brasileiros — o equivalente a 34% da população — residem em áreas urbanas onde não há nenhuma árvore nas vias públicas.
Em contrapartida, aproximadamente 115 milhões de pessoas (66% do total) moram em ruas com algum grau de cobertura arbórea.
Dentro desse grupo, 36 milhões de moradores (20,4%) habitam locais com até duas árvores por trecho, 23,5 milhões (13,5%) estão em áreas com três a quatro árvores, enquanto 56 milhões (32,1%) vivem em ruas com cinco ou mais árvores.
O IBGE esclarece que diferentes trechos de uma mesma rua são avaliados separadamente. Assim, quem vive em um segmento arborizado é classificado como morador de uma rua com árvores; já quem reside em partes desprovidas de vegetação entra na estatística de vias sem arborização.