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Brasil exposto: Índice revela cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas

Estudo coordenado por pesquisadores da USP revela panorama preocupante sobre a capacidade dos municípios brasileiros de se adaptarem aos extremos do clima

Por Ernesto Neves 5 ago 2025, 09h15

Novo estudo coordenado por pesquisadores da USP revelou um panorama preocupante sobre a capacidade dos municípios brasileiros de se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas.

A partir do Urban Adaptation Index (UAI), índice inédito aplicado em mais de 5.500 cidades do país, os cientistas demonstram como a ausência de instrumentos de planejamento urbano, de gestão de riscos e de políticas públicas eficazes está aprofundando desigualdades sociais e expondo milhões de pessoas a eventos extremos como enchentes, deslizamentos, secas e ondas de calor.

O estudo, publicado na revista Sustainable Cities and Society, avalia cinco dimensões cruciais para a adaptação urbana: habitação, mobilidade, sistemas alimentares, gestão ambiental e resposta a riscos climáticos

. A escala do UAI vai de 0 (baixa capacidade adaptativa) a 1 (alta capacidade). Os resultados mostram que mais da metade das cidades brasileiras (54,1%) está nas duas faixas inferiores do índice, com menos de 0,44. Nos menores municípios, com até 50 mil habitantes, as pontuações variam de 0,33 a 0,44.

Entre as capitais, Recife aparece na lanterna com 0,46, seguida de Aracaju (0,54) e Boa Vista.

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Em contraste, cidades como Curitiba (0,98), Belo Horizonte (0,98), Brasília (0,95) e São Paulo (0,89) figuram entre as mais bem avaliadas, embora nem mesmo essas apresentem uma distribuição homogênea da adaptação em seus territórios.

Em São Paulo, por exemplo, comunidades mais vulneráveis ainda vivem em áreas de alto risco, e o plano municipal de redução de riscos só foi publicado em 2024, após a coleta de dados para o estudo.

O levantamento mostra também que apenas 36,9% dos municípios possuem planos de habitação e só 13% têm planos de redução de riscos. Instrumentos técnicos como cartas geotécnicas, fundamentais para orientar a ocupação segura do solo, existem em apenas 5,5% das cidades.

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A professora Gabriela Di Giulio, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que coordenou o projeto CiAdapta 2, destaca que o UAI é uma ferramenta para subsidiar decisões locais com base em evidências.

A pesquisa também evidencia a necessidade de integrar justiça climática à gestão urbana.

O estudo aprofunda ainda a análise em São Paulo e Brasília, duas cidades com boas pontuações, mas com desafios distintos.

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Em ambas, a desigualdade territorial compromete a efetividade das políticas de adaptação. Em Brasília, mesmo com todos os instrumentos técnicos existentes, comunidades carentes seguem expostas a inundações e ondas de calor.

O contexto brasileiro é agravado por eventos climáticos cada vez mais frequentes e intensos.

Em 2023, o Rio Grande do Sul enfrentou a pior seca em 17 anos, seguida em 2024 por inundações que deslocaram mais de 615 mil pessoas. Esses desastres afetam sobretudo quem vive em moradias precárias, sem acesso a infraestrutura ou serviços públicos.

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Para os autores, a vulnerabilidade climática do Brasil é resultado de uma equação perversa: crescimento urbano desordenado, carência de infraestrutura e ausência de apoio federal consistente às políticas locais. Eles alertam que a governança climática no país segue fragmentada e frágil. 

A expectativa dos pesquisadores é que o UAI ajude a embasar planos municipais de ação climática, fortalecendo a resiliência das cidades brasileiras frente a um futuro onde os extremos serão a regra, não a exceção.

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