Avanço sobre áreas verdes: onça se refugia em prédio
Cidade do sul do Espírito Santo se assusta com a presença do animal perambulando pelas ruas

Pequena cidade, rodeada por montanhas, no sul do Espírito Santo, Iconha é conhecida por ser uma região colonizada por italianos e pela cultura do café. Apesar da tranquilidade costumeira, a região recebeu uma visitante inesperada: uma onça-parda. O animal perambulou pelo centro comercial durante a noite de quinta e madrugada desta sexta, 2. Estava à procura de comida e assustou os moradores apenas com sua presença. As autoridades encontraram o bicho escondido na garagem de um prédio – provavelmente assustada com o movimento dos carros e o barulho que veio com o amanhecer. Não estava doente nem machucada. Um morador viu a onça entrando no prédio e chamou o Batalhão da Polícia Militar Ambiental, por volta das 5h da manhã.
Depois de passar pelos veterinários, ela deve ser devolvida ao meio ambiente. Os animais saem do habitat natural quando corre algum tipo de perigo, como incêndios de grandes proporções. A diminuição das áreas verdes também coloca em risco a sobrevivência, principalmente de animais de grande porte.
A onça-parda precisa de mais de 5 mil hectares para sobreviver. Trata-se de um predador carnívoro, porém eclético. Quando faltam opções mais suculentas, come lagartos, aves e insetos. Dá para imaginar a fome do felino para surgir no centro de uma cidade. Os animais silvestres são as grandes vítimas do avanço da urbanização e planos diretores sem preocupação com a sustentabilidade.
Em Mato Grosso, situações como essa são frequentes. No ano passado, 270 animais silvestres foram resgatados no perímetro urbano. O fenômeno é tema de um estudo global, comandada por Eveline Baptistella, da Unemat, que alerta sobre a mudança de comportamento e das próprias culturas dos animais para se adaptarem às novas condições, agora sem florestas e sem água em abundância. A especialista avisa que não adianta querer domesticá-los. O instinto deles não permite essa relação. Eles precisam ter de volta o habitat natural das florestas.