Avaliador de riscos e oportunidade do agro chega ao mercado

Associação Soluções Inclusivas e Sustentáveis lança, nesta quinta-feira, 30, questionário com padrões globais que será a base da nova ferramenta

Por Valéria França SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 30 out 2025, 15h25 - Publicado em 30 out 2025, 12h58

Trabalhador em lavoura de algodão em Mato Grosso — SUSTENTABILIDADE -lavoura de algodão no Mato Grosso: compromissos com o meio ambiente vira facilitador de crédito (Christiano Antonucci/Governo de Mato Grosso/Divulgação)

Com o propósito de aproximar o mundo das finanças da sustentabilidade, a Associação Soluções Inclusivas e Sustentáveis (SIS), lança nesta quinta-feira, 30, um questionário de avaliação do desempenho climático e socioambiental voltado ao agronégócio.Trata-se de uma ferramenta desenvolvida a partir de padrões globais de sustentabilidade, que pode ser usada por qualquer instituições de crédio interessados em análisar os riscos e oportunidades no agronegócio, tanto em imóveis rurais como em empresas.

Na prática, significa uma grande ajuda nas decisões sobre concessão de crédito, investimentos e contratos de seguros. “É importante lembrar que há cada vez mais dados sobre o impacto do desempenho socioambiental e climático na rentabilidade do agronegócio, sobretudo quando se raciocina a médio e longo prazo”, diz Luciane Moessa, Diretora Executiva e Técnica da SIS. O questionário levanta informações como localização, dados de emissões de gases de efeito estufa, saúde, segurança no trabalho, impactos na bidversidade e recursos hídricos.

Hoje, no crédito rural, a localização das operações já é conhecida, por exigência da regulação, mas isso não ocorre nas demais operações de crédito com empresas do setor, e muito menos no mercado de capitais. “Considerar o local é absolutamente crucial em qualquer avaliação de riscos climáticos físicos, riscos ambientais em geral e grande parte dos riscos sociais, como impactos em comunidades locais”, diz Luciane. O documento ainda avalia dados de cumprimento básico da legislação ambiental e social brasileira para cada segmento. Não menos importante, separa imóvel rural e empresas da cadeia.

Os questionários foram desenvolvidos a partir de um amplo mapeamento de padrões globais de sustentabilidade, desenvolvidos por IFC (International Finance Corporation), SASB (Sustainability Accounting Standards Board), GRI (Global Reporting Initiative), EFFAS (European Federation of Financial Analysts Societies), entre outros. Também considrou as normas brasileiras, como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e a Instrução Normativa IBAMA nº 22/2021, que trata da regulamentação do Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (RAPP). O trabalho considerou as Taxonomias Verdes avançadas de outros países e de fontes oficiais de informação, como órgãos ambientais e poder público (IBAMA, ICMBio, INCRA, FUNAI, Serviço Florestal Brasileiro, Ministério Público e Poder Judiciário). A ferramenta também deve ser vista como uma via de mão dupla, uma vez que cria oportunidade das empresas de crédito se engajarem com os produtores rurais e empresas. Quando forem identificados pontos críticos de desempenho, com necessidade de melhoria, abre-se o canal para as instituições financeiras oferecerm novas linhas de crédito e de reforço tecnológico”.