Antártida inverte tendência de degelo
Pela primeira vez nos últimos 20 anos, o território teve aumento inédito, devido a uma anomalia climática

A notícia é boa, mas poderia ser melhor. Pesquisadores da Universidade de Tongji, na China, se surpreenderam com um levantamento realizado sobre as condições da Antártida. De 2021 a 2023, o território ganhou massa gelada, pela primeira vez depois vinte anos, revertendo a tendência de queda. O ritmo de degelo parecia imutável, devido a aceleração do aquecimento global, que chegou ao ápice em 2024, ano que a temperatura média do planeta aumentou em 1,5°C, limite determinado pelo Acordo de Paris, para que fosse evitadas grandes catástrofes.
Os pesquisadores chineses usaram dados do satélite Gravity Recovery and Climate Experiment (Grace), da Nasa, para os estudos. O aparelho registra as variações da gravidade da Terra para detectar mudanças na massa de gelo e desde 2002 tem um recorte específico para a Antártida. Os resultados obtidos pelos pesquisadores só não é melhor porque isso não significa uma reversão definitiva do processo de degelo. Ou seja, o Polo Sul não vai ficar incólume ao aquecimento global.
A mudança de comportamento se deve, segundo os especialistas, a uma anomalia climática na região. O aumento de gelo teve a ver com uma taxa anormal de precipitação (neve e chuva) que deve ser temporária. De acordo com os dados do Grace, os níveis voltaram a cair neste ano e seguem o mesmo parâmetro do passado. Até 2020, a perda era de 142 gigatoneladas de gelo por ano. De qualquer forma, mesmo que temporário, os ganhos compensaram o aumento do nível do mar em 0,9 milímetros. Mas como não dá para contar sempre com a sorte, o aviso do beneficio de uma reversão poderia servir de estímulo para as nações de fato arregaçarem as mangas para um desenvolvimento sustentável.
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