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Amazônia e Cerrado representam 86% da área queimada no Brasil nos últimos 40 anos, segundo relatório

Dados do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) apontam que 45% da área do Cerrado e 21% da Amazônia queimaram desde 1985

Por Redação 24 jun 2025, 10h04

O Cerrado e a Amazônia, juntos, tiveram 177 milhões de hectares queimados no Brasil pelo menos uma vez nos últimos 40 anos. O acumulado equivale a 86% de toda a área atingida pelo fogo no país desde 1985. Os dados foram publicados nesta quarta, 24, no Relatório Anual do Fogo do Brasil, coordenado por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e outras instituições que compõem a rede.

Como parte da quarta coleção do MapBiomas Fogo, o relatório registrou no último ano o recorde em extensão de área queimada na Amazônia em território nacional em quatro décadas, com 15 milhões de hectares atingidos, o que representa um aumento de 85% ao ano anterior. O estudo analisou que no período analisado, de 1985 a 2024, 87 milhões de hectares do bioma foram consumidos pelo fogo, o que corresponde a 21% da sua área total

A situação no Cerrado também é alarmante: 10,5 milhões de hectares queimados em 2024, um aumento de 75% em comparação ao ano anterior. Desde o início da análise em 1985, 45% do bioma já foi queimado pelo menos uma vez, cerca de 89 milhões de hectares.

Em todo o território brasileiro, o fogo atingiu 206 milhões de hectares ao longo das últimas quatro décadas, o equivalente a 24% do país. Além da Floresta Amazônica e do Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica e o Pampa também sofreram com as queimadas. Dos seis biomas brasileiros, quatro registraram alta na ocorrência de fogo em 2024. A Amazônia e a Mata Atlântica, em particular, atingiram a maior área queimada dos últimos 40 anos.

Área queimada acumulada em milhões de hectares entre 1985 a 2024 no Brasil
Área queimada acumulada em milhões de hectares entre 1985 a 2024 no Brasil (IPAM/Divulgação)
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“Embora o desmatamento tenha diminuído, o uso do fogo na conversão florestal e no manejo agropecuário, associado à intensificação de condições climáticas adversas, como períodos mais longos de seca e aumento das temperaturas, tem intensificado os incêndios, tornando-os mais frequentes e difíceis de controlar, especialmente na Amazônia”, explica Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e coordenador do mapeamento da Amazônia.

Quais as áreas mais atingidas?

Nos últimos 40 anos, quase metade da área queimada no Brasil esteve concentrada em apenas três Estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. Juntos, somam mais de 96,6 milhões de hectares atingidos pelo fogo pelo menos uma vez — o equivalente a 47% de toda a área queimada no país no período. 

Martenexen destaca: “Esse uso do fogo, associado ao avanço da fronteira agrícola no país, tem contribuído para a alta incidência de queimadas, especialmente em estados como Mato Grosso, Pará e Maranhão — os três que mais queimaram desde 1985.” Os demais Estados que compõem a região do Matopiba — fronteira agrícola formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — completam as seis primeiras posições.

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Área queimada acumulada (em hectares) por estado entre 1985 e 2024
(IPAM/Divulgação)
Área queimada acumulada (em hectares) por estado entre 1985 e 2024
Área queimada acumulada (em hectares) por estado entre 1985 e 2024 (IPAM/Divulgação)

Outro fator preocupante é que 69,5% das queimadas no Brasil ocorreram em áreas de vegetação nativa, enquanto os demais 30,5% atingiram áreas antrópicas, como pastagens e lavouras. Em biomas como Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, cerca de 80% da área queimada corresponde a ecossistemas nativos. As formações savânicas, típicas do Cerrado, foram as áreas naturais mais queimadas no período de análise. 

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“O aumento da frequência e intensidade dos incêndios, impulsionado por práticas inadequadas e mudanças climáticas, têm impactado a capacidade de regeneração natural do Cerrado. Em 2024, 86% da área queimada no bioma foi em vegetação nativa, tornando urgente a implementação de ações de adaptação climática e políticas públicas, como o MIF [Manejo Integrado do Fogo], para mitigar os danos e restaurar a resiliência do Cerrado, protegendo tanto o meio ambiente quanto as comunidades que nele vivem”, comenta Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo.

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