A profunda diferença entre Harris e Trump nas políticas de combate às mudanças climáticas
Republicanos e democratas divergem sobre como a crise do clima deve ser tratada pelo governo

Atingido por furacões de intensidade cada vez pior, em sua Costa Leste, megaincêndios florestais, na região oeste, e enchentes devastadoras, no sul, os Estados Unidos vão decidir, nas eleições presidenciais desta terça-feira, 5, entre duas plataformas opostas sobre como lidar com as mudanças climáticas.
De um lado, Kamala Harris, democrata, é favorável à redução de emissão de combustíveis fósseis e do respeito ao Acordo de Paris, de 2015, que estabelece o limite de aquecimento de 1,5°C na média mundial em relação ao período pré-industrial. Do outro, Donald Trump, republicano, que durante sua gestão enfraqueceu padrões de eficiência energética e se retirou dos tratados de cooperação internacional.
Sob o presidente Joe Biden, os Estados Unidos voltaram a aderir ao Acordo de Paris e definiram metas de redução de emissões.
O governo Biden-Harris fez progressos no cumprimento dessas metas, inclusive por meio de esforços regulatórios e aprovando a Lei de Redução da Inflação e o Ato de Investimento em Infraestrutura e Empregos (IRA, na sigla em inglês), que fornecem suporte para investimentos em energia limpa e infraestrutura relacionada.
Harris deu o voto de desempate em 2022 para aprovar o IRA no Senado. No entanto, os EUA ainda não estão no caminho certo para cumprir as metas de redução de emissões para 2030.
Para chegar lá, o próximo governo presidencial precisará tomar medidas adicionais para cortar as emissões de gases de efeito estufa. E um governo hostil à ação climática pode atrasar, e muito, o progresso em direção ao cumprimento dessas metas.
Harris chama a mudança climática de uma “ameaça existencial” e diz que os Estados Unidos precisam agir urgentemente para lidar com isso.
Em 2019, Biden e Harris lançaram um plano climático de 10 trilhões de dólares, que facilita o investimento em energia renovável, responsabilização de poluidores, ajuda a comunidades afetadas pela mudança climática e proteção de recursos naturais.
Seu histórico na proteção ao meio ambiente, por sinal, é antigo. Como procuradora-geral da Califórnia, ela processou empresas de petróleo por violações ambientais.

Trump, por sua vez, acredita que a atividade humana é apenas uma das causas das mudanças climáticas, não necessariamente o fator dominante. Durante seus quatro anos no cargo, Trump atacou e revogou mais de 125 regras destinadas a proteger o meio ambiente e reduzir as emissões que causam o aquecimento do planeta.
Pressionado em um debate de 2020 sobre se a poluição humana contribui para o aquecimento, Trump disse: “Acho que muitas coisas contribuem, mas acho que até certo ponto, sim”. O ex-presidente afirmou ao conselho editorial do The Washington Post em 2016 que ele “não é um grande crente nas mudanças climáticas causadas pelo homem”. Ele também rejeitou a ciência do clima por muito tempo, chamando o aquecimento global de “farsa”.
Em um comício em março de 2022, Trump debochou da ameaça representada pela elevação do nível do mar e da preocupação em combater o aquecimento do globo.
“E ainda assim você tem pessoas como John Kerry se preocupando com o clima! O clima!”, disse Trump. “Ah, eu ouvi isso outro dia. Aqui estamos, preocupados que o oceano suba um centésimo de um por cento nos próximos 300 anos.”
Em 2019, Trump também culpou exclusivamente a má gestão florestal pelos incêndios florestais mais destrutivos e mortais da história da Califórnia, em vez das mudanças climáticas.
Cientistas afirmam que nenhuma gestão florestal é capaz de impedir incêndios florestais em um mundo cada vez mais quente.
