10 anos do Acordo de Paris: como cidades e estados têm atuado para transformar o cenário global
Relatório ressalta o papel dos municípios na redução de emissão de gases do efeito estufa; Rio de Janeiro é destaque

Em comemoração ao marco de uma década do Acordo de Paris, o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia (GCoM) e o C40 Cities Climate Leadership Group lançaram, nesta semana, o relatório “De Paris a Belém: Uma Década de Liderança Climática Local”. O texto aborda como prefeituras e estados impactaram o cenário global, transformando promessas em ações efetivas que proporcionaram melhorias na qualidade do ar, empregos verdes, infraestrutura resiliente e comunidades mais inclusivas.
Entre os aspectos apontados, foi constatado que as cidades da rede C40, que reúne quase 100 dos principais municípios do mundo, reduziram as emissões per capita em 7,5% entre 2015 e 2024. Além disso, prefeituras já divulgaram mais de 2.500 projetos climáticos, no valor de US$ 179 bilhões, que requerem investimento — evidência de soluções prontas para serem ampliadas.
“Agora é a hora de cidades e governos nacionais se unirem para acelerar o ritmo. A COP30 deve ser o ponto de virada — mobilizando os financiamentos que as cidades urgentemente precisam para promover soluções climáticas mais rápidas e justas. O C40 está comprometido em apoiar a presidência da COP30 em sua missão de transformar negociação em ação”, declarou Mark Watts, diretor executivo do C40 Cities.
Também foi colocado no documento que a ação local está avançando por meio de transporte limpo, soluções baseadas na natureza, gestão de resíduos, transições justas, resiliência urbana e financiamento inclusivo. Mais de 13.700 cidades e regiões estão ativamente planejando e implementando estratégias climáticas ambiciosas em apoio ao Acordo de Paris, por meio do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia (GCoM) e da Coalizão Under2.
A coalizão CHAMP, agora apoiada por 75 governos nacionais, está incorporando a liderança climática subnacional nos marcos políticos globais — incluindo novas estratégias nacionais revisadas por países como Brasil, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Quênia, entre outros.
Destaque para o Rio de Janeiro
No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro se destacou por três projetos:
Conexão Mata Atlântica: Desde 2017, a iniciativa firmou parceria com mais de 280 produtores rurais do estado para adotarem práticas sustentáveis em mais de 2.680 hectares, em áreas prioritárias, a fim de proporcionar a recuperação e manutenção da Mata Atlântica.
Programa Cidades Modelo Verdes e Resilientes: Lançado em fevereiro deste ano pelo Governo Federal, o programa visa aumentar a qualidade ambiental e a resiliência das cidades brasileiras diante dos impactos da mudança do clima, por meio da integração de políticas urbanas, ambientais e climáticas. Ao todo, foram realizados 100 projetos em 50 municípios, incluindo o Rio de Janeiro.
Unidade de Biometanização: Realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Comlurb, a iniciativa pioneira trata 3.000 toneladas de resíduos orgânicos por ano — incluindo restos de alimentos e resíduos de poda — para gerar eletricidade renovável e composto utilizado em reflorestamento e agricultura urbana.
Acordo de Paris
Firmado em 2015, o Acordo de Paris foi um ponto de inflexão para os 195 signatários, ao estabelecer metas e prazos claros para enfrentar a crise climática. Mas seu sucesso sempre dependeu da implementação — e é aí que entram as cidades. Ao longo da última década, os governos locais foram além das promessas, entregando resultados que melhoram vidas, protegem populações vulneráveis e promovem justiça climática. O relatório documenta essa trajetória de metas ambiciosas a soluções concretas, mostrando como prefeitos, líderes locais e suas redes de cidades transformaram compromissos climáticos em ar mais limpo, empregos verdes, infraestrutura resiliente e comunidades mais inclusivas.