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Segundo turno aumenta divisão no PMDB

Apesar de orientação nacional, Serra conquistou apoio de aliados em alguns estados. Em outros, petistas não contam com empenho de aliados

Por Gabriel Castro
24 out 2010, 10h04

As múltiplas posições do PMDB são o retrato de um partido que parece dividido, abriga correntes divergentes mas se aglutina em torno do poder – seja qual for o governo.

Embora esteja, no papel, com a candidata Dilma Rousseff (PT), o PMDB tem somado dissidências na eleição presidencial. O segundo turno deixou mais claro o tamanho da diversidade da legenda. O desempenho de José Serra (PSDB) na primeira etapa do pleito e o fim de disputas políticas estaduais incentivaram uma guinada do partido em alguns estados.

Depois de permanecer neutro no primeiro turno, o PMDB gaúcho recomendou, nesta semana, o voto em Serra. O ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça e o ex-governador Germano Rigotto também aderiram à candidatura do tucano. “Há muito mais afinidades e vínculos com o projeto do candidato José Serra”, explicou o líder da legenda na Assembléia gaúcha, Luiz Fernando Záchia.

Difícil é achar quem opte pelos tucanos guiado apenas por razões ideológicas e não pragmáticas. Em Santa Catarina, por exemplo, a maior parte do PMDB está com José Serra (PSDB) desde o início da campanha. Luiz Henrique da Silveira, ex-governador e senador eleito pelo PMDB, trabalha ao lado do PSDB desde 2003. Ele apoiou Lula em sua eleição vitoriosa ao governo, em 2002, mas viu o PT fazer oposição à sua gestão. Passou a ter o apoio do PSDB, do DEM e do PPS.

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Luiz Henrique não esconde que sua aliança com os tucanos se deve à richa com os petistas em nível local. “Serra é um administrador competente, correto, sério e honesto. Mas o apoio também é uma decorrência dessa animosidade que o PT teve com o meu governo”, explica.

No Mato Grosso do Sul, o governador reeleito André Puccinelli é outro peemedebista que, junto com seus aliados em nível estadual, bandeou-se para o lado de Serra por causa da polarização eleitoral no estado. O principal rival de Puccinelli nas eleições era Zeca do PT: em vez de apoiar Dilma sem ter a recíproca, ele preferiu ficar ao lado de Serra e contar com o apoio do presidenciável.

Correntes múltiplas – O senador Valdir Raupp, vice-presidente do PMDB, minimiza as divergências, como no Rio Grande do Sul: “Lá já havia problema com o PT local, assim como em Mato Grosso do Sul. São os dois estados mais problemáticos, além de Santa Catarina”. Para Raupp, são casos pontuais.

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Mas, na prática, Dilma Rousseff não tem dos peemedebistas o empenho que gostaria de em algumas regiões, como o Pará de Jader Barbalho. Em estados como Minas Gerais, a aliança PMDB-PT foi forjada de cima para baixo, o que deixou marcas. A situação na Bahia é semelhante, após uma disputa entre Jaques Wagner (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB).

Parte da insatisfação diz respeito à pouca exposição que o partido e Michel Temer tiveram na campanha de Dilma, no primeiro turno. Peemedebistas tornaram pública a queixa sobre o desprezo petista. Além dos dissidentes de última hora, Serra também tem, há mais tempo, parceiros mais antigos no PMDB, como o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos e parte do peemedebistas de São Paulo.

As múltiplas posições do PMDB são o retrato de um partido que parece dividido, abriga correntes divergentes mas se aglutina em torno do poder – seja qual for o governo. Porque, é bom lembrar, a discussão sobre o posicionamento da legenda se restringe ao apoio eleitoral. Depois do pleito, o partido não ficaria na oposição. Dilma Rousseff conta com a bancada da legenda em seu eventual governo para ter maioria no Congreesso. Os tucanos, no entanto, já dão como certo: num eventual governo Serra, a aliança com os peemedebistas não dependeria de qualquer esforço.

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O senador gaúcho Pedro Simon (PMDB) se diz desiludido com a situação de seu partido. “O problema é a maldita procura da governabilidade. A aliança com o PMDB significa conseguir maioria. Em troca, o FHC foi se vendendo. O Lula foi se vendendo”. Simon, aliás, faz parte de outra facção minoritária em seu partido: a que votou em Marina Silva (PV) no primeiro turno. E ainda não decidiu seu voto para o segundo.

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