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Eleições em Manaus: velhos inimigos no mesmo palanque

Rivais históricos, Arthur Virgílio Neto e Eduardo Braga formam aliança com vistas não só à prefeitura, mas ao governo e ao Senado

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 ago 2016, 17h26 - Publicado em 23 ago 2016, 12h50

O início da campanha pela reeleição do atual prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), seguiu o tradicional roteiro eleitoral: do alto de um palanque cercado por animados militantes, um dos principais caciques do Amazonas, o ex-governador e ex-ministro Eduardo Braga pedia votos para o seu candidato. Ao microfone, criticava o governo estadual e apontava problemas que assolam a cidade, entre eles o caos na saúde. A solução: uma liderança forte e unida para superar a crise. Até aí, nenhuma novidade. Não fosse por um detalhe: os dois personagens que agora dão as mãos representavam, até a véspera, o retrato de uma das maiores rivalidades da capital amazonense.

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Arthur Neto e Eduardo Braga travam uma antiga briga pelo domínio político do Amazonas. A guerra entre os dois já rendeu processos na Justiça, acusações de compra de votos e até desavenças na esfera familiar. Neste ano, não foi diferente: sempre com o estilo de franco atirador, o atual prefeito chegou a desafiar seu rival na disputa pelo Paço Municipal: “Se deseja retornar ao Executivo pelo voto, faço-lhe uma sugestão: enfrente-me em 2016. Tiremos a prova dos nove”, escreveu o tucano em suas redes sociais.

As desavenças entre os manauaras se afloraram em 2010, quando Arthur Neto, líder do PSDB, perdeu a cadeira de senador. Braga, à época governador, interrompeu o mandato para ingressar na disputa, estendendo seu palanque para a comunista Vanessa Grazziotin (PCdoB). A dupla conquistou as duas vagas, impondo um duro revés para Neto. Desde então, o tucano declarava guerra contra o peemedebista.

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Em uma reedição da última disputa, o Arthur Neto foi eleito, dois anos depois, prefeito de Manaus contra Vanessa Grazziotin, novamente apoiada pelo peemedebista. Em 2014, ele deu sustentação à campanha do José Melo (Pros), que desbancou Eduardo Braga e foi eleito governador do Amazonas. Além de articular derrotas contra o adversário, o tucano, à frente da prefeitura, responsabilizou Braga, até então fiel ministro de Dilma Rousseff, pelas dificuldades financeiras do município: dizia que ele boicotara os repasses do governo federal para Manaus.

“Braga não sabe autocriticar. Sua arrogância não lhe permite aceitar que possa ter errado em sua estratégia perversa. Prefere continuar planejando o mal, ainda que isso prejudique um povo que, outrora, já lhe concedeu tantas conquistas. Nesse passo, vai passar vergonha em 2016 e 2018. É esperar para ver”, escreveu em 2015. No início deste ano, foi ainda mais duro: “Minha opinião está aqui, transparente e nítida. E ela diz que Eduardo Braga, com seus tapetões, ambições e agressões à bolsa do povo (não nos esqueçamos da alta escorchante do gás de cozinha), tem sido lesivo ao Amazonas e nocivo ao seu povo”.

Aliança – Na disputa deste ano, o PMDB de Eduardo Braga lançou o deputado federal Marcos Rotta, um famoso apresentador de programa de televisão da cidade, para rivalizar com Arthur Neto. Já na largada, Rotta aparecia como um nome de peso nas pesquisas, sendo capaz de superar o tucano em um eventual segundo turno. Tudo apontava para mais uma acalorada eleição neste ano. E foi quando o jogo virou.

Numa madrugada no início de agosto, o prefeito decidiu rachar com o seu principal apoiador, o ex-governador Omar Aziz (PSD). Por meio de uma mensagem telefônica um tanto desaforada, acusou o senador de chancelar, ao mesmo tempo, a campanha dele e de outros candidatos, entre eles Silas Câmara (PRB) e Marcelo Ramos (PR).

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Em seguida, o tucano procurou Braga com uma espécie de cessar-fogo: propôs uma aliança política para unificar as campanhas. Marcos Rotta desistiu da candidatura e aceitou ser vice na chapa de Arthur Neto. Nos bastidores, fala-se que a aliança tem como pano de fundo um acordo que vislumbra 2018: o prefeito sairia novamente candidato ao Senado e, se eleito, abriria caminho para o vice comandar o município por dois anos.

O acerto também passa por uma mudança na gestão do Amazonas. Braga pode ser beneficiado caso seja concluído o processo de cassação contra a chapa do atual governador, José Melo. Nesse caso, o peemedebista, que acabou a eleição de 2014 como segundo colocado, assumiria o governo. Assim, o pacto passaria por uma união entre o município e o Estado. “Num momento de crise, é preciso abrir mão de vaidades e brigas”, afirmou o senador ao site de VEJA. “Nós esperamos que o Tribunal Superior Eleitoral julgue o recurso [de Melo]. Isso não é arranjo político. É justiça”, continuou Braga.

Questionado, Arthur Neto também comentou a inesperada aliança: “O acordo foi com o PMDB como um todo. É uma coisa muito boa do ponto de vista político e eleitoral. A aliança inclui o Braga e eu não vou esconder ninguém”, afirma. “Há coisas que estão acima dessas desavenças. Não dá para continuar trabalhando sem olhar para Manaus. Em algum momento a Rússia e a Inglaterra se uniram para enfrentar a Líbia”, comparou.

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