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No Brasil, mortalidade por câncer aumenta no interior e diminui nas capitais

Estudo mostrou que mortes por doenças como câncer de pulmão e colo do útero estão crescendo em cidades interioranas

Por Da Redação
20 nov 2011, 19h14

Um estudo realizado pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), observou que as taxas de mortalidade por câncer, enquanto tendem a diminuir nas capitais do Brasil, aumentam cada vez mais no interior. O levantamento foi apresentado pela primeira vez no VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que aconteceu nesta semana em São Paulo.

Câncer no Brasil

Os tipos mais incidentes e com maiores taxas de mortalidade no Brasil:

  1. • Os cânceres mais incidentes entre os homens são, nesta ordem: próstata, pulmão, estômago, colorretal e esôfago
  2. • Os câncer que mais matam os homens são, nesta ordem: pulmão, próstata, estômago, esôfago e colorretal
  3. • Entre as mulheres, os câncer mais prevalentes são, nesta ordem: mama, colo uterino, colorretal, pulmão e estômago
  4. • Os cânceres com maiores taxas de mortalidade entre mulheres são: mama, colo uterino, pulmão, colorretal e estômago

A pesquisa comparou as taxas de mortalidade por câncer do Brasil com as do mundo e das capitais com as de cidades interioranas do país entre 1980 e 2009. O estudo observou a tendência de aumento na mortalidade entre os homens e queda entre as mulheres. Outra tendência é a diminuição da taxa de mortalidade por câncer para ambos os sexos nas capitais e aumento nas cidades do interior.

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“Embora ainda haja maior mortalidade por câncer nas capitais, a extrema discrepância que havia em 1980 entre capital e interior foi diminuindo com o passar dos anos”, afirma a Gulnar Azevedo e Silva, médica epidemiologista, professora da Uerj e uma autora do estudo .

Câncer de pulmão – As mortes por câncer de pulmão podem retratar o que a pesquisadora afirmou. Entre 1980 e 2009, a taxa de mortalidade entre homens aumentou de 12 para 15 em cada 100 mil habitantes. Por outro lado, nas capitais, diminuiu de 26 para 20 por 100 mil habitantes.

Em relação às mulheres, embora a diferença entre capital e interior também tenha diminuído, a mortalidade subiu em ambos. De 1980 a 2009, no interior, passou de 3 para 7 a cada 100 mil habitantes. Nas capitais, o número subiu de 6 para 9 por 100 mil mulheres. “Assim como o cigarro, o câncer de pulmão também se interiorizou. Além disso, a mortalidade entre as mulheres do interior está aumentando”, diz Silva. “Isso pode ser um reflexo do fato de a epidemia de tabagismo entre o sexo feminino ter acontecido posteriormente a entre os homens”, afirma.

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Colo do útero – Houve também aumento da mortalidade por câncer de colo do útero nas cidades do interior de algumas regiões em oposição à diminuição nas capitais. “Isso nos chamou atenção principalmente pelo fato de essa doença ser evitável. Além disso, diagnóstico precoce e tratamento adequado são capazes de reverter esse câncer. Esse quadro fortalece a hipótese da desigualdade de serviços no Brasil, que são mais eficazes nas capitais”, afirma a pesquisadora.

Em cidades do interior da região Norte, por exemplo, essa taxa passou de 6 para 11 por 100 mil mulheres, entre 1980 e 2009. Nas capitas, a taxa diminuiu de 26 para 16 por 100 mil mulheres. No Nordeste, o mesmo fenômeno fez com que a mortalidade por esse doença, antes tão discrepante entre interior e capital, praticamente se igualasse em 2009.

Brasil e mundo – Segundo a médica Gulnar Silva, seu levantamento também observou que a magnitude da mortalidade por câncer no Brasil é, em geral, menor do que em países desenvolvidos. “Isso pode indicar que a exposição a fatores de risco relacionados ao estilo de vida típico do mundo industrializado, como tabagismo, dieta rica em gordura e proteína e sedentarismo, pode ter se intensificado no Brasil em momento posterior ao que aconteceu nos países ricos”, explica. “O câncer de pulmão, por exemplo, nunca teve taxas de mortalidade tão altas quanto as de países como Estados Unidos ou Inglaterra”.

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Entretanto, alguns cânceres no Brasil fogem dessa regra. O de laringe, que atingiu o presidente Lula, é um deles. Aqui, é o sétimo câncer mais comum entre os homens, enquanto, entre os países desenvolvidos, é o 15º mais incidente. O câncer de colo do útero também é outro exemplo. No Brasil, é o segundo mais prevalente, enquanto em países desenvolvidos é o sétimo. “Esses números refletem maior exposição a fatores de risco associados a condições de pobreza, além da desigualdade ao acesso de diagnóstico precoce e tratamento adequado”, diz a epidemiologista.

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