A dieta de um doente renal é restrita, mas não precisa prescindir de sabor. É essa a aposta dos autores de A Cozinha e a Terapia Renal – Sabores do Brasil e do Japão (RCN Editora, 167 pág, R$ 72), título que reúne dicas e receitas de comidas japonesas adaptadas para doentes renais. A obra conquistou no início de julho o segundo lugar na categoria melhor livro de saúde e nutrição do Gourmand World Cookbook Awards, prêmio internacional de literatura gastronômica, realizado em Paris.
“Para a confecção do livro, foram consultados chefs de cozinha para que as receitas ficassem saborosas, não apenas saudáveis”, diz a nefrologista Carmen Tzanno, uma das coordenadoras da obra. Além das receitas, o livro traz tabelas com informações técnicas e os cuidados necessários na elaboração dos pratos. De acordo com Carmen, a culinária japonesa foi escolhida por sua crescente popularidade. “No Brasil, nos últimos anos, vem havendo um interesse grande pela comida japonesa. Em São Paulo, há centenas de restaurantes.”
Sabores do Brasil e do Japão é o segundo livro de uma série dedicada a facilitar a dieta – e a vida – desse grupo de pessoas. O primeiro, também chamado A Cozinha e a Terapia Renal, reunia receitas brasileiras e portuguesas. O terceiro, a sair a partir de setembro, apresentará a culinária árabe, enquanto o quarto e último volume, a ser lançado em 2010, vai tratar da comida regional brasileira.
Restrições – A população de doentes renais crônicos no Brasil é estimada em dez milhões de pessoas, sendo que diabete e hipertensão são as principais causas de insuficiência nos rins – órgãos responsáveis pela filtragem do sangue e pela formação da urina. Quem sofre do mal precisa restringir o consumo de substâncias como fósforo, potássio e sal – que não são apropriadamente eliminados do organismo e acabam acumulando no sangue.
Em geral, o potássio deve ser consumido com moderação por causar cãibra e fraqueza nos músculos, inclusive no coração, possibilitando uma parada cardíaca. O fósforo provoca doença óssea, pela subtração de cálcio dos ossos, e calcificação dos tecidos moles, como vasos sanguíneos, coração e pulmões. E o sódio deve ser evitado por reter líquido, chegando em casos graves a provocar hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e edema pulmonar.
Dica – Para diminuir a ingestão de potássio, a dica é cozinhar em água frutas, verduras e legumes descascados. O cozimento reduz 60% da substância presente nesses alimentos. Para não exagerar no sódio, é preciso maneirar no sal e sempre ler a embalagem dos produtos, onde figuram as informações nutricionais dos alimentos. No caso do fósforo, o segredo é não exagerar no consumo de peixes e frutos do mar.
Alguns doentes também precisam controlar a ingestão de líquido. Já a carambola, fruta dotada de uma substância tóxica ainda não identificada pelos cientistas, é um ingrediente que deve ser totalmente riscado do menu. A fruta pode causar de soluços a morte.