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Doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 72% das mortes de brasileiros

Governo federal anuncia medidas para reduzir a incidência de problemas cardiovasculares e respiratórios, câncer e diabetes

Por Adriana Caitano
18 ago 2011, 11h18

O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (Dcnt) no Brasil, que reúne medidas a serem adotadas nos próximos dez anos. O objetivo é, até 2022, reduzir em 2% a taxa de mortes prematuras – antes dos 70 anos. Atualmente, 72% do total de mortes no Brasil são provocadas por algum desses problemas, o correspondente a 742.779 vítimas por ano: 43% dos óbitos é provocado por doenças cardiovasculares, 22,6% por câncer, 8% por problemas respiratórios crônicos e 6,9% por diabetes.

De acordo com o ministério, as doenças crônicas não transmissíveis custam caro ao sistema de saúde pública. Segundo levantamento do Fórum Econômico Mundial, os países emergentes perdem mais de 20 milhões de anos produtivos na vida de seus habitantes por conta dessas doenças. No Brasil, a redução de produtividade entre 2006 e 2015 tem impacto estimado de 6,7 bilhões de reais. “Essas doenças têm uma relação de ciclo vicioso com a pobreza, pois, além de os mais pobres terem mais chance de adoecer, os que adoecem têm menos condições de sair dessa condição financeira”, comenta o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

Entre as medidas anunciadas está a vigilância ou ação preventiva para combater os fatores de risco, como o tabagismo, o consumo abusivo de álcool, a inatividade física e a alimentação inadequada. “Alguns desses itens estão relacionados com todas as doenças crônicas, ou seja, atuando em uma delas, promovemos a redução de risco para várias ao mesmo tempo, o que permite um alcance maior na população”, explica Barbosa. Por isso, compõe também as metas do plano a redução da prevalência de obesidade e de consumo de álcool e cigarro. “É um erro de estratégia achar que se reduz quantidade de doenças crônicas apostando somente em atendimento hospitalar. Reunimos um conjunto de ações pensando em todos os itens, como prevenção, atenção primária e combate aos fatores de risco”, ressalta o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Obesidade infantil – Uma das principais preocupações dos organizadores do Plano é o alto índice de obesidade infantil. Atualmente, a média de crianças entre 5 e 9 anos obesas é de 16,6% – número maior que a frequência entre adultos, que é de 15%. “Queremos reduzir aos níveis de 1990 a taxa dessa epidemia”, destaca o secretário. Para reduzir esse índice, serão implementados programas de alimentação saudável e incentivo a atividades físicas nas escolas. Haverá a redução do preço de alimentos adequados à qualidade de vida e o aumento da oferta desses produtos, a garantia de que a merenda escolar da rede pública contenha somente itens que fazem bem à saúde e a elaboração de campanhas publicitárias para ensinar as crianças a escolherem lanches saudáveis.

Segundo Barbosa, está sendo elaborado ainda um plano intersetorial de prevenção e controle da obesidade, envolvendo outros ministérios. “A intervenção deve ser não só na saúde, pois vários problemas dizem respeito à agricultura e à educação, por exemplo”, conclui. Também serão construídas 4.000 academias públicas de saúde nos municípios 80 a 150.000. “O governo federal vai custear integralmente a construção das unidades e a contratação de profissionais, principalmente nas áreas de extrema pobreza, onde as pessoas não têm condições de se exercitar”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Cada unidade deverá receber 36 000 reais por ano e o custo de construção dos equipamentos vai de 80 000 reais a 150 000 reais. O projeto está em fase de análise das propostas de empresas que irão colocá-lo em prática.

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Hábitos saudáveis – Fazem parte da estratégia ainda um acordo com a indústria alimentícia para reduzir, a partir de 2012, a quantidade de gordura trans e sal em alguns alimentos; a expansão da atenção primária e oferta maior de medicamentos gratuitos para hipertensão arterial e diabetes.

Para combater o consumo de álcool e o tabagismo, a estratégia está focada nas leis. Entre as propostas, estão a padronização dos itens que regulam o impedimento de fumar em recintos coletivos, o aumento de preços dos produtos derivados do tabaco e do álcool, o fortalecimento da fiscalização da venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e a elaboração de leis que restrinjam a publicidade desses produtos.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou também o aumento da quantidade de leitos nos hospitais públicos. “Faremos uma reestruturação dos prontos-socorros, que são a porta de entrada da rede de saúde. Uma parte da deficiência nesse atendimento é em função de as pessoas serem salvas pelo Samu, mas terem dificuldade de ter leitos nas enfermarias”, comenta.

O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis será apresentado na Assembleia Geral de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em setembro, que terá como tema central as doenças crônicas não transmissíveis. No evento, serão estabelecidos compromissos e prioridades mundiais para a área.

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