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Vitória folgada de Evo traz ameaça de reeleição infinita

Presidente deve confirmar maioria no Legislativo, permitindo pressão por reforma constitucional que incorpore a reeleição por tempo indeterminado

Por Da Redação
13 out 2014, 10h14

Com um terceiro mandato presidencial, Evo Morales poderá se tornará o mandatário com maior permanência no poder na Bolívia. Mas há o temor de que ele tenha planos para além de 2020. A maioria na Assembleia Legislativa permitirá ao governo buscar uma reforma constitucional para incorporar a reeleição por tempo indefinido, a exemplo do que fez Hugo Chávez na Venezuela.

Os membros de seu gabinete, obviamente, negam que ele tenha essa ambição. Contudo, para ser reeleito pela terceira vez, Evo Morales já lançou mão de uma manobra, ao pressionar uma mudança na Constituição em 2009. Com isso, ele passou a desconsiderar, para fins eleitorais, o primeiro mandato, iniciado em 2006, que transcorreu sob a legislação anterior.

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Com a máquina oficial a seu favor e se recusando a participar de debates, Morales conseguiu uma vitória fácil no pleito deste domingo – o resultado ainda não foi confirmado pela autoridade eleitoral devido a atrasos na apuração. Os números da apuração ainda não foram oficializados, mas pesquisas de boca de urna e levantamentos iniciais mostram que o presidente se reelegeu com mais de 60% dos votos. Venceu inclusive em Santa Cruz, motor econômico do país e reduto opositor.

O empresário Samuel Doria Medina, do partido Unidade Democrática, ficou com cerca de 24% dos votos e teria sido o mais votado em outro bastião opositor, Beni, no norte do país. Ao reconhecer a derrota, disse que agora é necessário garantir que “não aconteçam mais reeleições, que a Constituição seja cumprida e que a economia seja administrada de maneira adequada”.

O ex-presidente Tuto Quiroga, do Partido Democrata Cristão, não chegou a 10%. Enquanto Medina é partidário de manter o Estado Plurinacional criado pelo mandatário, Tuto era o único dos aspirantes que defendia uma ruptura com o modelo de governo atual.

A divisão entre a oposição facilitou a vida de Morales, mas o fato é que, ao longo de oito anos no poder, o presidente neutralizou a oposição. O controle de dois terços do Congresso – que deverá ser mantido depois da votação deste domingo – permitiu que ele impusesse suas políticas. Ele também cerceou a imprensa, calando as vozes críticas, perseguiu adversários políticos e acabou com a independência do Judiciário.

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Ao comemorar a vitória, Morales dedicou o triunfo “aos que lutam contra o imperialismo”. “Está dedicado a Fidel Castro e a Hugo Chávez, que em paz descanse”, afirmou. “Esta vitória é um triunfo para os anti-imperialistas e anticolonialistas”, acrescentou, dando sequência à retórica que marca seu governo.

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Economia – Apesar do discurso, Morales foi pragmático na administração da economia da Bolívia, que apresentou crescimento médio anual de 5%, tendo como base o aumento dos preços das commodities e das exportações de gás para o Brasil e a Argentina. A pobreza também diminuiu entre a população, mas a Bolívia ainda é um país pobre.

O terceiro mandato poderá ser mais problemático, como descreveu para o Wall Street Journal o jornalista Fernando Molina, especializado em economia. Ele citou que os preços da soja, do ouro, da prata e de outros produtos de exportação bolivianos estão caindo. Além disso, a economia dos maiores parceiros comerciais do país também está em marcha lenta.

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Morales prometeu expandir a fronteira agrícola em Santa Cruz, mas deve enfrentar protestos de ambientalistas e camponeses. Em relação ao gás natural, a previsão é que as reservas durem aproximadamente dez anos, mas o declínio na produção exigirá a exploração de novos depósitos. “Encontrar gás é muito mais difícil que vender”, ressaltou Molina.

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