Venezuela oficializa obrigatoriedade de visto para americanos
Medida foi anunciada por Maduro no fim de semana. Governo chavista também barrou a entrada de sete políticos dos EUA, incluindo o ex-presidente George W. Bush
O governo venezuelano oficializou nesta terça-feira a obrigatoriedade do visto de turista para cidadãos dos Estados Unidos que quiserem entrar no país e a proibição de entrada de sete políticos americanos. “Os Estados Unidos estão excluídos da lista de países beneficiados com a Supressão de Vistos de Não Imigrantes”, indica uma resolução conjunta dos ministérios das Relações Interiores e das Relações Exteriores publicada no Diário Oficial.
O mesmo boletim confirma a proibição de concessão de vistos para o ex-presidente americano George W. Bush e seu vice-presidente Dick Cheney, o ex-diretor da CIA George Tenet, e os congressistas Marco Rubio, Bob Menéndez, Mario Díaz-Balart e Ileana Ros-Lehtinen.
O governo venezuelano afirma que estes políticos “cometeram atos terroristas e graves violações aos direitos humanos”. Ao anunciar a exigência de visto para americanos no sábado, o presidente Nicolás Maduro disse que a medida tinha como objetivo “proteger o país”. Resta saber quem protegerá a Venezuela do governo Maduro.
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Prisão – Em Bruxelas, a filha do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, transmitiu sua preocupação com a prisão do político opositor, que completa doze dias nesta terça. Vanessa Ledezma pediu a solidariedade do Parlamento Europeu ao encontrar-se com vários eurodeputados, informou o jornal El Nacional.
“Decidi vir a Bruxelas para denunciar o que está acontecendo na Venezuela, onde prenderam meu pai, e pedir solidariedade aos que defendem a democracia e a liberdade”, disse. Ela afirmou que seu pai está sendo mantido “em uma mazmorra”, mas está “forte”. “Ele pede que tenhamos fé e não nos deixemos de votar nas próximas eleições parlamentares”. Ela também solicitou aos parlamentares que estudem a possibilidade de enviar uma delegação à Venezuela.
Unasul – Buscar ajuda em outro continente parece ser a única saída para o caso, já que os organismos da região caminham a passos lentos quando se trata da crise venezuelana. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, informou nesta terça que a visita de uma missão da Unasul a Caracas ainda não tem data e depende de “um acordo entre as partes”.
Junto com os chanceleres da Colômbia e do Equador, o ministro de Relações Exteriores do Brasil integra a missão designada para tentar recompor o diálogo na Venezuela. Segundo Vieira, no entanto, é preciso acertar uma data com Maduro. O detalhe é que a visita foi anunciada pelo secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, no dia 20 de fevereiro, um dia depois da prisão de Ledezma.
Uma data deveria ter sido fixada no domingo, em Montevidéu, onde ocorreu a posse do presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez. No entanto, Maduro, que havia confirmado presença na cerimônia de posse, desistiu de viajar no sábado, afirmando que permaneceria na Venezuela devido à “situação política” no país.
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O Brasil divulgou uma nota sobre a crise no vizinho depois da visão de Ledezma. No texto, o governo afirmou que “continua a acompanhar com grande preocupação os acontecimentos na Venezuela” e mencionou medidas tomadas recentemente, “que afetam diretamente partidos políticos e representantes democraticamente eleitos”. No entanto, a nota também citou “iniciativas tendentes a abreviar o mandato presidencial”. Ou seja, ao mesmo tempo em que elevou o tom em comparação com declarações anteriores, ao citar a perseguição a opositores, o Brasil comprou a tese chavista de que um golpe estaria sendo planejado contra o governo venezuelano.
(Da redação)