ONU retira convite ao Irã para encontro sobre a Síria
Porta-voz afirmou que República Islâmica não concordou com disposições que preveem a implantação de um governo transitório na Síria
Depois de ser pressionado pelos Estados Unidos, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon retirou o convite ao Irã para participar das negociações de paz sobre a Síria, previstas para terem início nesta quarta-feira, na Suíça. Ban havia afirmado que o regime iraniano havia lhe assegurado que respeitaria as disposições do acordo de Genebra de 2012, que defende um governo transitório para a Síria. No entanto, em declarações públicas, funcionários do regime iraniano afirmaram que o convite não incluía nenhuma condição.
“Tendo em conta a escolha de permanecer fora desse entendimento básico, ele (Ban) decidiu que o encontro de um dia em Montreux será realizado sem a participação do Irã”, disse o porta-voz Martin Nesirky, em comunicado.
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O embaixador iraniano na ONU, Mohammed Khazaee, havia dito mais cedo que, se a participação do país estivesse condicionada à concordância com a declaração de Genebra 1, então o Irã não participaria de Genebra 2, como o encontro desta semana está sendo chamado. O ministro de Relações Exteriores, Javad Zarif, também deu declarações neste sentido à TV estatal iraniana. O Irã é aliado do ditador sírio Bashar Assad.
O porta-voz da ONU afirmou que o secretário-geral “está profundamente decepcionado com as declarações públicas do Irã, que não são consistentes com o compromisso assumido”.
A Coalizão Nacional, grupo rebelde sírio que tem o reconhecimento de potências ocidentais, deverá participar das negociações de paz. O grupo havia ameaçado abandonar as conversas se o convite ao Irã não fosse retirado, mas depois confirmou sua participação. Retirar o convite foi “a coisa certa a se fazer”, disse à BBC um dos chefes da coalizão, Monzer Akbik.
Representantes dos Estados Unidos também aprovaram o recuo no convite, dizendo que esperam que o foco agora volte às negociações.