Os Estados Unidos e a União Européia (UE) estão aguardando autorização para enviar ajuda aos cerca de 1 milhão de desabrigados, atingidos pela passagem do ciclone Nargis a 190 quilômetros por hora, no sábado. O ciclone arrasou Mianmar e matou cerca de 22.500 pessoas, anunciaram as autoridades locais nesta terça. Na segunda, a contagem estava em 10.000 — os corpos continuam sendo encontrados. Centenas de milhares de pessoas estão sem abrigo ou água potável. Ainda há 41.000 desaparecidos, o que torna provável uma nova revisão para cima do número de mortos. O ciclone matou 10.000 pessoas em apenas uma cidade, Irrawaddy.
As agências de ajuda humanitária estão esperando o sinal verde para desembarcar no país e começar a fornecer remédios e comida. Os integrantes da junta militar que goerna Mianmar dizem que a entrada será autorizada. Depois de anunciar que o referendo constitucional marcado para 24 de maio estava mantido, a junta voltou atrás e decidiu adiar a votação — pelo menos nas regiões em que os efeitos do ciclone foram mais graves. Entre elas está a principal cidade do país, Rangun. Conforme um ministro da junta, mais pessoas morreram numa onda gigante do que por causa do próprio ciclone do fim de semana.
Mianmar
“A onda tinha 3,5 metros de altura e varreu e inundou metade das casas nas vilas de regiões baixas”, afirmou o ministro Maung Maung Swe nesta terça. “Eles não tiveram nem para onde fugir.” O diretor do programa de alimentação da ONU em Mianmar, Chris Kaye, disse que os números da destruição no delta do rio Irrawady ainda não foram divulgados por completo. Os primeiros dados, contudo, já dão conta de uma “enorme catástrofe humanitária”.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a ONU fará “tudo o que for necessário para oferecer assistência humanitária urgente”. A vizinha Tailândia mandou uma carga de alimentos e remédios, assim como a Índia. Os americanos prometeram aumentar sua ajuda ao país caso a junta permita que uma equipe visite áreas castigadas pelo ciclone. A primeira-dama Laura Bush criticou as autoridades, que teriam demorado a alertar a população.
Bush pediu que os governantes do país asiático autorizem a entrada da equipe de respostas a desastre e de grupos humanitários para a distribuição de produtos de primeira necessidade, enquanto A UE já anunciou uma primeira ajuda de urgência de 2 milhões de euros (5,16 milhões de reais) à Cruz Vermelha e outras agências de socorro internacional ou ONGs.