Indonésia rejeita troca de presos e australianos podem ser executados em breve
Ministra das Relações Exteriores australiana teve conversa "muita tensa" com seu colega indonésio, mas não conseguiu levar adiante sua proposta para adiar as execuções
O governo da Indonésia rejeitou nesta quinta-feira a proposta da Austrália de trocar presos para evitar a iminente execução de dois traficantes australianos que autoridades de Jacarta parecem decididas a fuzilar. Andrew Chan e Myuran Sukumaran, de 31 e 33 anos respectivamente, foram condenados à morte em 2006 por integrarem uma rede de tráfico de heroína entre Indonésia e Austrália. Segundo o jornal The Sydney Morning Herald, Canberra sugeria extraditar três indonésios detidos na Austrália em 1998 após uma grande apreensão de heroína em Port Macquarie, 400 km ao norte de Sydney. O ministério indonésio das Relações Exteriores minimizou as possibilidades de sucesso da proposta. “Não existe nenhum mecanismo deste tipo em nosso sistema judiciário. Não vejo como poderia ser colocado em prática”, afirmou o porta-voz do ministério, Arrmanatha Nasir.
O ministro da Segurança, Tedjo Edhy Purdijatno, também fechou a porta para qualquer possibilidade de acordo. “De acordo com as ordens do presidente, a pena de morte decidida contra os condenados será aplicada”, afirmou Purdijatno. O ministério da Justiça também confirmou a rejeição da oferta australiana. Julie Bishop, a ministra australiana das Relações Exteriores, telefonou para o chanceler indonésio Retno Marsudi e a conversa foi “muito tensa”, segundo a imprensa. “Não abordei nenhum detalhe preciso, mas destaquei que há presos australianos em Jacarta e presos indonésios na Austrália e deveríamos examinar certas possibilidades, uma troca de presos, uma transferência, se for possível de acordo com a legislação indonésia”, declarou Bishop.
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No início da manhã, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, compareceu a uma manifestação diante do Parlamento em Canberra para pedir que o presidente indonésio Joko Widodo realize um gesto de clemência com Chan e Sukumaran.
Brasileiro – Após a rejeição dos pedidos de clemência presidencial, os dois australianos foram levados nesta quarta para a prisão de Java que será o local da execução. As autoridades não anunciaram a data das execuções, mas a transferência significa que são iminentes. Os condenados à morte são avisados com 72 horas de antecedência. Além dos australianos, outros condenados foram levados para a prisão onde serão executados, mas não está claro ainda se o brasileiro Rodrigo Gularte está entre eles.
Gularte, de 42 anos, condenado à morte por entrar no país com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf, está preso na Indonésia desde 2004 e sua família tenta provar às autoridades que sofre de esquizofrenia para evitar o fuzilamento, com a transferência para um centro psiquiátrico. No dia 18 de janeiro, a Indonésia executou o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, um holandês, um vietnamita, um malauiano e um nigeriano. As primeiras execuções no país desde 2013 provocaram uma onda de indignação internacional.
(Da redação)