Estudantes desaparecidos: Professores invadem Prefeitura de Acapulco
Protesto foi pacífico e funcionários e seguranças não ofereceram resistência. Pressionado pelo sumiço dos jovens, governador do Estado pediu afastamento
Ao menos 100 professores de Guerrero, Estado do sul do México, invadiram nesta quinta-feira a prefeitura da cidade turística de Acapulco para exigir das autoridades informações sobre os 43 estudantes desaparecidos há um mês. “Estamos exigindo a apresentação de informações sobre o destino das vítimas de desaparecimento forçado. Foi um crime de Estado”, disse à Walter Añorve, porta-voz da Coordenação de Trabalhadores da Educação de Guerrero (Ceteg).
“Parece que estão retardando este processo e há famílias que se encontram desesperadas” desde a noite de 26 de setembro, quando os estudantes do magistério desapareceram após um ataque de policiais e pistoleiros do narcotráfico na cidade de Iguala. Os professores ocuparam pacificamente o Palácio Municipal de Acapulco, motor econômico do Estado de Guerrero, sem enfrentar qualquer resistência de funcionários ou guardas.
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Aguirre, do Partido da Revolução Democrática, disse que sua decisão visa a “favorecer um clima político que concentre a atenção na solução destas prioridades”, em referência à busca dos 43 estudantes. Na quarta-feira, a Procuradoria Geral mexicana acusou o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, que está foragido, de ter ordenado o ataque a tiros perpetrado por policiais e narcotraficantes contra os estudantes na noite de 26 de setembro. Também nesta quarta, manifestantes atearam fogo ao prédio da Prefeitura de Iguala, durante outro protesto pelo desaparecimento dos jovens. Alguns dos milhares de professores e estudantes presentes no ato invadiram a prefeitura, que estava vazia, e puseram fogo no imóvel. Na Cidade do México, mais de 45.000 pessoas carregando tochas e velas protestaram na noite de quarta para exigir informações sobre o paradeiro dos estudantes.
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Fossas – Um grupo de autodefesa do estado de Guerrero encontrou outras seus fossas clandestinas com restos humanos em um local denominado Monte Hored, ao norte de Iguala, informou nesta quinta-feira à Agência Efe uma fonte dessa organização. O porta-voz da União de Povos e Organizações do Estado de Guerrero (UPOEG), o advogado Manuel Vázquez Quintero, contou que em cinco das fossas foram encontrados restos mortais e a sexta, “era nova e se via que estava pronta para ser usada”. Vázquez comentou que na região, que fica a um quilômetro e meio do lugar onde outras quatro fossas foram descobertas no último dia 16, é uma área de floresta, o que dificultou sua localização.
“Encontramos cabelo, restos mortais ainda com carne, e nos arredores achamos roupa com sangue, uniformes como os de escola de ensino médio, sapatos, dinheiro e até garrafas vazias de cerveja”, disse, ao esclarecer que todos os indícios foram comunicados às autoridades federais e à Comissão Nacional de Direitos Humanos. Monte Hored, ao norte de Iguala, é uma das áreas mais inseguras do município, segundo os moradores.
(Com agência France-Presse)