Em meio a ataques talibãs, Afeganistão conclui segundo turno das eleições
Resultado final da votação, que marca primeira transferência de poder democrática da história do país; resultado será conhecido em 22 de julho
Cerca de 7 milhões de pessoas compareceram às urnas neste sábado no Afeganistão para votar no segundo turno das eleições presidenciais. O pleito ocorreu em meio a ataques talibãs que causaram mais de cem mortes. De acordo com estimativa da Comissão Eleitoral, 52% do eleitorado votou para escolher o substituto de Hamid Karzai, presidente que liderou o país nos últimos treze anos. As eleições presidenciais marcam a primeira transferência de poder democrática da história do Afeganistão.
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Ao longo do dia, onze policiais, quinze soldados e vinte civis, assim como sessenta insurgentes foram mortos, segundo Omar Daudzai, ministro do interior, em uma coletiva de imprensa. “Houve vítimas em nossas fileiras, mas o inimigo não conseguiu frear o processo eleitoral.” Para Ahmad Yusuf Nuristani, chefe da Comissão Eleitoral, “apesar das imensas dificuldades, a eleição foi organizada com êxito”.
No total, cerca de 400.000 soldados e policiais estiveram posicionados em todo o país durante o período das eleições e a Força Internacional da OTAN no Afeganistão estava preparada para intervir, se necessário. O resultado preliminar do segundo turno das eleições no país será conhecido em 2 de julho e o final, em 22 de julho. O próximo presidente do Afeganistão assumirá o cargo em 2 de agosto.
A votação colocou o ex-ministro de Relações Exteriores Abdullah Abdullah contra o ex-economista do Banco Mundial e ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani, depois que nenhum deles garantiu os 50% necessários para vencer no primeiro turno, realizado em 5 de abril. Abdullah Abdullah conquistou 45% dos votos e Ashraf Gani, 31,6%.
Os dois se comprometeram a firmar um pacto de segurança com os Estados Unidos, há muito tempo esperado. Isso permitiria que cerca de 10 mil soldados norte-americanos permaneçam no país por dois anos a mais a fim de realizar operações antiterroristas, treinar e assessorar o exército e a polícia afegã.
Como a maioria das tropas estrangeiras deixam o país até o fim de 2014, quem assume o lugar de Karzai herdará um país conturbado com a insurgência cada vez mais violenta do talibã e uma economia prejudicada pela corrupção e um Estado fraco.
Sem medo – Os dois candidatos à presidência votaram pela manhã em Cabul, capital do Afeganistão, e se comprometeram a lutar contra a corrupção e a desenvolver a economia do país, que ainda depende de ajuda internacional. O atual presidente votou pela manhã, em uma escola próxima ao palácio presidencial. “Vá votar, que todos vão votar”, disse Karzai aos afegãos.
Os eleitores ignoraram as ameaças talibãs e mostravam com orgulho a tinta antifraude nos dedos, que confirma o voto. “Foram ouvidas explosões na cidade, mas não nos impedirão de votar para decidir o futuro do país”, disse Ahmad Jawid, 32 anos. O comerciante Janat Gul, 45 anos, votou em um dos colégios eleitorais de Cabul. “Votarei no candidato que recuperará nossa economia e criará empregos. Se a economia funcionasse bem, não haveria insurreição e o povo estaria trabalhando”, disse Gul.
(Com agência France-Presse)