Duas embarcações com cerca de 450 pessoas estão afundando no mar
A informação foi confirmada pelo primeiro-ministro italiano. Segundo a Organização Internacional de Migrações, as autoridades não têm recursos para resgatar todas as pessoas
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, informou nesta segunda-feira que a Guarda Costeira de seu país e de Malta estão tentando socorrer duas embarcações no litoral da Líbia com cerca de 450 imigrantes. Renzi explicou que nas duas embarcações, que deram alarme após ficarem à deriva a apenas 30 milhas náuticas (pouco mais de 55 quilômetros) do litoral da Líbia, viajavam cerca de 450 imigrantes (entre 100 e 150 na menor e 300 na maior). O primeiro-ministro da Itália deu esta informação durante uma entrevista coletiva conjunta com o ministro maltês Joseph Muscat, com quem se reuniu hoje em Roma por causa do último naufrágio no Canal da Sicília onde se acredita que entre 700 e 950 imigrantes morreram.
As informações de Renzi coincidem com a informação dada pelo escritório da Organização Internacional de Migrações (OIM), que recebeu hoje uma chamada de auxílio de uma embarcação com cerca 300 pessoas a bordo. Nem a OIM e nem as autoridades italianas falaram sobre a possibilidade que haver mortos ou de as embarcações terem naufragado completamente.
Segundo a OIM, as autoridades “não têm os recursos para resgatá-los agora”, em consequência do naufrágio de outro barco no domingo, na costa da Líbia, que deixou centenas de desaparecidos. A OIM acredita que as Guardas Costeiras provavelmente tentarão desviar navios comerciais para o local em que o barco está afundando. Uma operação complicada, pois segundo a organização alguns não querem colaborar.
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O novo incidente acontece no momento em que a União Europeia organiza uma reunião conjunta de ministros do Interior e das Relações Exteriores, convocada em caráter de urgência após o naufrágio de domingo. Chanceleres da União Europeia prometeram tomar mais medidas para impedir as mortes de imigrantes no Mediterrâneo, aumentando as operações de resgate e prendendo traficantes de pessoas, após uma tragédia no fim de semana em que até 700 pessoas morreram ao largo da costa da Líbia. Muitos governos europeus têm sido relutantes em financiar as operações de resgate no Mediterrâneo, por medo de incentivar mais pessoas a fazer a travessia em busca de uma vida melhor na Europa, mas agora enfrentam indignação com as mortes de refugiados. “O que está em jogo é a reputação da União Europeia”, disse o ministro das Relações Exteriores italiano, Paolo Gentiloni, a jornalistas, ao chegar para a reunião. “Não podemos ter uma emergência europeia e uma resposta italiana”, acrescentou.
Os ministros das Relações Exteriores realizaram um minuto de silêncio no início da reunião e terão a companhia de ministros do Interior para uma discussão de emergência sobre crise de imigração. Até agora, os países do norte da União Europeia têm deixado a maior parte das operações de resgate para os Estados do sul, como a Itália. Na semana antes da tragédia do fim de semana, a guarda costeira italiana resgatou quase 8.000 imigrantes no Mediterrâneo, de acordo com a Comissão Europeia, o órgão executivo da UE.
Pelo menos 3.500 pessoas, muitas delas em fuga da pobreza e de conflitos na África, morreram tentando atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa em 2014, de acordo com a ONU. A chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, também italiana, disse que está determinada a construir um “senso comum de responsabilidade” para enfrentar a crise, e que os dirigentes da UE estão considerando uma cúpula de emergência em Bruxelas esta semana. “É dever moral (da UE) se concentrar em nossa responsabilidade enquanto europeus para evitar que este tipo de tragédia se repita”, disse Federica.
Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel afirmou que está “comovida” com os naufrágios no Mediterrâneo que custaram as vidas de centenas de imigrantes e deseja respostas da Europa, afirmou seu porta-voz em Berlim. Os repetidos naufrágios de navios com imigrantes constituem uma “situação que não é digna da Europa. Um continente preocupado com a humanidade deve encontrar respostas, mesmo quando não existem respostas fáceis”, completou.