Candidatos à presidência afegã concordam com auditoria
John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos, afirmou que a auditoria vai cobrir "cada voto que foram colocados nas urnas"
O secretário de Estado americano John Kerry disse que os candidatos rivais à presidência do Afeganistão concordaram com uma ampla auditoria do resultado do segundo turno eleitoral, realizado em 14 de junho, encerrando um impasse sobre o resultado da eleição. “A auditoria será realizada em Cabul e irá começar em 24 horas”, disse Kerry após dois dias de negociações diplomáticas com o objetivo de conter a disputa que ameaça fragmentar o país.
Kerry afirmou que a auditoria vai cobrir “cada voto que foram colocados nas urnas” eleitoral e que vai acontecer sob supervisão internacional. As urnas eleitorais, acrescentou Kerry, serão transportadas das províncias para Cabul pelas tropas da Otan presentes no país, lideradas pelos Estados Unidos. A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ao governo afegão que adie a posse, planejada para 2 de agosto, por causa da auditoria, que deve levar semanas para ser concluída.
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Os afegãos foram às urnas no mês passado para escolher entre dois candidatos à sucessão do presidente Hamid Karzai: o ex-ministro de Finanças, Ashraf Ghani, e o ex-ministro de Relações Exteriores, Abdullah Abdullah. Mas em vez de abrir caminho para uma transição política, a eleição levou a uma grave crise. Na segunda-feira, a Comissão Eleitoral Independente do país divulgou resultados preliminares indicando que Ghani teria sido o vencedor, com 56,4% dos votos ante 43,6% de Abdullah.
Abdullah protestou, afirmando que uma fraude de escala industrial havia sido realizada em benefício de seu oponente. O ex-ministro de Relações Exteriores declarou-se vencedor e ameaçou estabelecer um governo paralelo.
Kerry chegou a Cabul na manhã de sexta-feira e deu início a uma maratona de negociações, reunindo-se com os candidatos rivais e muitos dos principais políticos do país. Após dois dias de negociações, os dois candidatos disseram que obedecerão aos resultados eleitorais após a auditoria e concordarão com a formação de um governo de unidade.
As eleições presidenciais afegãs escolhem o substituto de Karzai, que ficou treze anos no comando do país. A Constituição afegã proíbe um terceiro mandato. O processo eleitoral se desenvolve em um dos momentos mais sangrentos desde a invasão dos Estados Unidos, que propiciou a queda do regime talibã em 2001. A força da Otan concluirá sua missão no Afeganistão no final deste ano, mas os EUA anunciaram a permanência de 9.800 soldados no país até final de 2016, quando será iniciado o processo de retirada definitiva das tropas.
(Com Estadão Conteúdo)