Khamenei pede vingança em funeral de cientista iraniano
Teerã responsabiliza os Estados Unidos e Israel pelo atentado contra Roshan
O guia supremo da revolução iraniana, aiatolá Ali Khamenei, prometeu castigar os autores do assassinato do cientista nuclear Mustafa Ahmadi Roshan, cujo funeral oficial foi realizado nesta sexta-feira em Teerã. Uma grande multidão participou da cerimônia ao término da oração semanal, e os restos do cientista foram sepultados em um cemitério ao norte da capital.
Entenda o caso
- • O cientista nuclear iraniano Mustafa Ahmadi Roshan foi morto no dia 11 de janeiro, após a explosão de uma bomba que havia sido colocada em seu carro.
- • O assassinato causou revolta no governo iraniano, que desconfia que o atentado possa ter sido planejado por Israel ou EUA – ambos os países negaram envolvimento.
- • Este é o mais recente de uma série de ataques executados nos dois últimos anos contra cientistas iranianos vinculados ao polêmico programa nuclear do país.
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Os manifestantes gritavam slogans como “Morra Estados Unidos”, “Morra Israel” e “Morra Grã-Bretanha”. Alguns carregavam retratos do presidente americano Barack Obama sobre os quais estava escrita a palavra “terrorista” em inglês. O cientista e seu motorista morreram na quarta-feira após a explosão de uma bomba magnética colocada em seu automóvel em pleno centro da capital, em um atentado que Teerã responsabilizou Estados Unidos e Israel.
Desde janeiro de 2010, outros três cientistas, dois dos quais envolvidos no programa nuclear, foram assassinados em ações similares no Irã. O aiatolá Ali Khamenei, guia supremo da República Islâmica, acusou os serviços secretos americanos e israelenses, “a CIA e o Mossad”, de estarem por trás do atentado, prometendo “castigar os que cometeram este crime”.
Resistência – O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que acaba de terminar um giro na América Latina, prometeu que seu país “resistirá” às pressões e aos “insultos” do Ocidente em relação ao seu polêmico programa nuclear. “O tema nuclear é uma desculpa política. Todos sabem que o Irã não tenta fabricar bombas atômicas. O problema do Irã não é seu programa nuclear. O problema é (seu) progresso e independência”, declarou.
Diante da determinação do Irã de continuar com seu controverso programa nuclear, os Estados Unidos e os países da União Europeia tentam adotar novas sanções petroleiras e financeiras. No entanto, a Rússia denunciou estas sanções unilaterais enquanto o Japão voltou atrás, expressando suas reservas em relação a estas medidas, que podem fazer com que os preços do petróleo disparem, afetando a economia mundial.
Sanções – Neste contexto de tensões crescentes entre o Irã e o Ocidente, Moscou considerou que novas sanções contra o Irã, assim como uma operação militar potencial, “seriam sem dúvida apreciadas pela comunidade internacional como uma tentativa de mudar o regime de Teerã”.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guennadi Gatilov, acrescentou que essas sanções que atingem “a população e a economia iraniana” corroem “o esforço da comunidade internacional para solucionar o programa nuclear iraniano”.
A União Europeia se orienta em direção a um embargo sobre o petróleo iraniano, mas com um período de transição de seis meses para permitir aos seus membros encontrar outros provedores, indicaram nesta quinta-feira diplomatas europeus.
(Com agência France-Presse)