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Enquanto bombas caem em Trípoli, briga política esquenta

Prédio próximo à casa de Kadafi é destruído. Países brigam em torno de trégua já desmentida. E a ONU pede à comunidade internacional que adote 'voz única'

Por Da Redação
21 mar 2011, 08h44

De acordo com os EUA, “não há indícios de vítimas civis” nas regiões da Líbia atacadas por aviões e mísseis da coalizão, ao contrário do que afirmam os líbios

Fortes explosões marcaram a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira em Trípoli, onde um edifício do complexo residencial do ditador Muamar Kadafi foi destruído por um míssil da coalizão ocidental. A ofensiva estrangeira teve seu início no sábado, com o objetivo de conter os ataques contra a população civil nas zonas rebeldes. O céu da capital foi tomado por aviões da coalizão procedentes de bases na Itália e pelos disparos da defesas antiaérea líbia. Um porta-voz das forças militares líbias chegou a anunciar um cessar-fogo no domingo, atendendo a um pedido da União Africana (UA). A coalizão ocidental, porém, desmentiu a existência de uma trégua.

O conselheiro de Segurança Nacional do presidente americano Barack Obama, Tom Donilon, afirmou que o anúncio líbio é “uma mentira” e que já tinha sido violado pelas próprias forças de Kadafi. De acordo com os americanos, o bombardeio que atingiu o prédio do complexo de Kadafi, no bairro de Bab el Aziziya, em Trípoli, não foi uma tentativa de matá-lo – segundo a Casa Branca, essa não é uma das metas da operação. O prédio, situado a cerca de 50 metros de uma tenda onde Kadafi costuma receber seus convidados mais importantes, foi totalmente destruído. O porta-voz líbio Musa Ibrahim confirmou aos jornalistas estrangeiros que o local foi atingido por um míssil.

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“Foi um bombardeio bárbaro, que poderia ter atingido centenas de civis congregados na residência de Muamar Kadafi, a cerca de 400 metros do prédio atingido”, disse ele. “Os países ocidentais dizem querer proteger os civis, mas atacam uma residência onde sabem que há civis.” No Pentágono, o vice-almirante Bill Gortney garantiu que o objetivo dos ataques da coalizão não é o coronel Kadafi. “Posso garantir que ele não figura na lista dos nossos alvos. Não visamos sua casa.” De acordo com o militar, “não há indícios de vítimas civis” nas regiões da Líbia atacadas por aviões e mísseis da coalizão, ao contrário do que afirmam os representantes do regime do ditador.

O ataque ao prédio próximo à casa de Kadafi não foi o único no bairro de Bab el Aziziya. O bombardeio sacudiu essa região da capital na noite de domingo. As forças britânicas confirmaram participação em um “ataque contra sistemas líbios de defesa antiaérea”, lançando, a partir do Mediterrâneo, mísseis Tomahawk. Segundo o almirante Gortney, os ataques tentam acabar com a defesa antiaérea líbia, que foi “fortemente atingida” pelos aviões e mísseis da coalizão. Eliminando as defesas antiaéreas, a coalizão conseguirá, de fato, instalar a zona de exclusão aérea sobre o país, como pede a resolução aprovada na semana passada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Voz única – Apesar dos pesados bombardeios, a Itália negou que a coalizão internacional tenha iniciado uma guerra contra a Líbia. “É só a aplicação, na íntegra, da resolução da ONU”, disse o ministro das Relações Exteriores italiano Franco Frattini antes de uma reunião dos chefes da diplomacia dos países da União Europeia (UE). No domingo, o secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Musa, havia criticado os bombardeios da coalizão internacional, por considerar que eles se afastaram do objetivo inicial de impor uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. A Alemanha, que não participa da operação, reiterou que tem sérias dúvidas sobre os bombardeios ao país.

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Preocupado com a clara divisão da comunidade internacional em torno da situação na Líbia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou nesta segunda-feira, no Cairo, que as divergências precisam ser rapidamente resolvidas. De acordo com ele, “é importante que a comunidade internacional fale com apenas uma voz sobre o cumprimento da resolução da ONU” – uma referência direta às brigas e discordâncias sobre como garantir o cumprimento do texto aprovado no Conselho de Segurança. A resolução afirma que os outros países estão autorizados a intervir militarmente na Líbia com o objetivo central de proteger os civis inocentes das retaliações do regime de Kadafi.

(Com agência France-Presse)

Leia no Blog de Nova York, por Caio Blinder:

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Não sabemos ainda, é claro, qual será o resultado desta intervenção na Líbia. Faltou combinar com o inimigo para que houvesse uma rápida campanha e sua saída do poder, de preferência morto ou deposto num golpe palaciano. Isto evidentemente é possível. Houve uma aposta precipitada que os rebeldes marchariam para Trípoli. Isto ainda pode acontecer. Mas quanto mais se prolonga o conflito, mas difícil será manter a coalizão e o sonho de Obama é cair fora o mais cedo possível. Afinal, a Líbia talvez não seja a única Líbia nos próximos tempos.

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