Conflito na Somália força médicos a abandonarem hospital
Milícia se rebela contra o governo há quatro anos, impondo clima de medo
Criminosos da milícia Al Shabab, aliada da Al Qaeda na Somália, forçaram médicos e crianças a deixar um hospital atingido por balas perdidas no norte de Mogadíscio, capital do país. Eles combatiam forças do governo e soldados da força de paz da UA (União Africana) nesta terça-feira, informou uma autoridade.
Há quatro anos, o grupo islâmico se rebela contra o frágil governo do país, apoiado pelo Ocidente. Durante esta crise humanitária, eles têm também criado inúmeros empecilhos para que os alimentos enviados por entidades internacionais cheguem aos necessitados. Neste mês, os criminosos haviam retirado a maioria de seus combatentes da capital — o que analistas acreditaram ser um movimento tático. Contudo, ainda impõem alguma resistência em áreas de Mogadício e engendram a ameaça de ataques de guerrilha.
“Hoje, disparos de artilharia nos deixaram surdos; depois, uma bala perdida atingiu o véu da parente de um paciente. Eu me abriguei dentro do orfanato. Depois de alguns minutos, eu saí, mas não vi nenhum paciente”, relatou Dahir Abdulle, enfermeiro do hospital, à agência Reuters.
Segundo Ahmed Ibrahim, diretor encarregado da Somália na organização SOS Children, as tropas do governo e as forças de paz avançaram em direção à região norte de Mogadício nos últimos três ou quatro dias. “Parece que eles tiveram alguma resistência do Al Shabab hoje”, disse ele. “Vimos balas perdidas no hospital. Nós retiramos as crianças. Os pacientes começaram a sair correndo e parte da equipe fugiu”, acrescentou. Algumas pessoas resolveram permanecer no complexo que inclui o hospital e um orfanato.
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