Suspeita de plágio arranha divulgação mundial da marca da Rio 2016
Comparação entre logotipos correu o mundo junto com a notícia do lançamento da marca dos jogos. Comitê Organizador nega conflito entre os símbolos
Comitê Organizador informa que realizou “extensa busca mundial” e avaliou que marcas não apresentavam conflito com a dos Jogos Olímpicos Rio 2016
É pouco provável que as semelhanças entre a marca dos Jogos Olímpicos de 2016 e o logotipo da Telluride Foundation tragam algum prejuízo de fato para o evento no Rio ou para as receitas com o licenciamento. Mas a repercussão das suspeitas de plágio, praticamente simultâneas à divulgação do símbolo máximo da primeira Olimpíada na América do Sul, é um incômodo que as autoridades e o Comitê Olímpico Internacional já não têm como conter. A inegável semelhança entre as duas criações gráficas é o assunto de sites mundo afora, sempre com algum tom de “estranha coincidência”.
O Comitê Organizador Rio 2016 divulgou, nesta segunda-feira, nota de esclarecimento sobre o caso: “O Comitê Organizador Rio 2016 realizou uma extensa busca mundial de marcas que tivessem elementos presentes na marca dos Jogos Rio 2016. E tanto o Comitê como o Comitê Olímpico Internacional (COI) avaliaram que as marcas encontradas na busca não apresentavam conflito com a marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016.”
A ‘saúde’ da marca dos Jogos Olímpicos é uma questão de sobrevivência para os organizadores. É a partir dela que patrocinadores – até o momento apenas o Bradesco fechou contrato – vão explorar seu apoio à competição em propaganda, produtos licenciados e todo tipo de vínculo com esportes, atletas e símbolos consagrados, como os elos olímpicos. Como os contratos ainda vão ser fechados, não há uma estimativa precisa sobre quanto dinheiro está envolvido, mas a estimativa é de que algo como 3 bilhões de reais possa ser arrecadado nos próximos seis anos só com licenciamento.
Tanto a marca dos Jogos Olímpicos de 2016 como o logotipo da Telluride Foundation parecem ter inspiração em algo bem mais nobre: o quadro A dança, de Henry Matisse. Caso tenham mesmo buscado inspiração na obra, os designers da Tátil e o pessoal da entidade filantrópica com sede no Colorado não foram os únicos. Em 2004, as quatro figuras humanas de mãos dadas ilustraram a marca do carnaval de Salvador, na Bahia – uma clara referência ao trabalho de Matisse. Ou terá sido ao logo da Telluride?
Licenciamento – Um exemplo de como isso se dá está em curso no site da London 2012, que começa a explorar a venda de produtos e exibe os vínculos com as marcas ‘parceiras’ da competição. A concepção do escritório de design vencedor do concurso considerou, inclusive, a evolução das tevês com tecnologia 3D e, por isso, optou por uma logomarca tridimensional. Segundo Fred Gelli, um dos sócios da agência carioca Tátil, este é o principal diferencial da marca da Rio 2016 – e, para ele, uma prova irrefutável de que não há plágio ou mesmo inspiração na marca da entidade filantrópica norte-americana.
A agência publicou, em seu site, um vídeo sobre as etapas da criação e algumas imagens que mostram a inspiração no Pão de Açúcar. A marca foi escolhida no dia 1° de setembro, por unanimidade, pelos 12 membros do corpo de jurados. Depois de passar por pequenos ajustes, foi enviada ao Comitê Olímpico Internacional no dia 8 de outubro e aprovada pela entidade em 17 de novembro. Estima-se que cerca de 400 pessoas, dentro e fora do país, tiveram algum tipo de contato com a logomarca durante o processo.