Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Justiça fecha CT das divisões de base do Vasco

Flamengo, Fluminense e Botafogo também estão na mira dos promotores, por desrespeito aos direitos da criança e do adolescente

Por Rafael Lemos
18 abr 2012, 19h17

“Não queremos impedir que essas crianças sonhem, mas é necessário dar um alerta aos pais”

Promotora Clisânger Gonçalves Luzes

Em busca do sonho de se tornarem ídolos do futebol, meninos precisam driblar uma rotina de privações mesmo nas instalações dos grandes clubes. Com base em ação civil do Ministério Público do Rio de Janeiro, que denunciou as péssimas condições a que são submetidos os adolescentes das divisões de base do Vasco da Gama, o Centro de Treinamento de Itaguaí teve suas atividades suspensas nesta quarta-feira, por decisão da juíza Ivone Ferreira Caetano, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital. Em fevereiro, morreu ali o menino Wendel Venâncio da Silva, de 14 anos, depois de passar mal durante um teste.

O Vasco também terá quee adequar as instalações de sua sede, no bairro de São Cristóvão em um prazo de 30 dias. O descumprimento implica multa de até 30 mil reais por dia. De acordo com os promotores, os alojamentos e refeitórios destinados aos jovens estão em situação insalubre, abaixo até mesmo dos abrigos para menores infratores, conhecidos pelas péssimas instalações. Eles passaram um ano negociando com o Vasco a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta, em reuniões que contaram com a presença do presidente Roberto Dinamite. Nesse período, o clube omitiu a existência da unidade de Itaguaí, para onde levava os adolescentes diariamente num ônibus sucateado, fora das condições mais básicas de segurança.

“Não queremos impedir que essas crianças sonhem, mas é necessário dar um alerta aos pais. Não podemos afirmar que a culpa pela morte do menino seja do Vasco, mas a falta de água, a alimentação precária e a falta de exames médicos prévios podem ter contribuído sim”, afirma a promotora Clisânger Gonçalves Luzes.

Continua após a publicidade

Atualmente, o Vasco hospeda num alojamento 44 meninos com idades entre 14 e 18 anos, sendo 24 deles de fora do estado. De acordo com os promotores, eles são submetidos a uma alimentação precária e insuficiente, têm acesso controlado à água, faltam à escola para treinar e sofrem com a falta de higiene e limpeza. Infiltrações no teto, colchonetes pelo chão, armários quebrados e sanitários sem porta completam o cenário de horror.

“Os meninos reclamavam de sede. Há relatos de que bebiam água do chuveiro. Tomavam um modesto café da manhã em São Januário e saíam às 7h para Itaguaí. Treinavam até às 11h30 e depois voltavam. Muitas vezes, perdiam a aula. Não havia cinto de segurança e faltavam botões e instrumentos de navegação no painel. Basta olhar para o veículo e ver que é um perigo. Não tem condições de circular”, afirmou a promotora.

A garantia do direito à convivência familiar é um dos pontos que mais preocupa o MP. O clube custeia apenas uma viagem por ano aos meninos, que sofrem com a distância da família. Para falar com os pais, eles precisam usar os próprios celulares. Em caso de necessidade de consulta médica, os adolescentes têm que desembolsar o valor da passagem.

A situação não é uma exclusividade do Vasco, alertam os promotores. Os outros três grandes clubes do Rio também já estão na mira do MP. No caso do Flamengo, foi instaurado um inquérito civil após um adolescente de 14 anos se ferir dentro das dependências do clube e levar 33 pontos. Irregularidades nos CTs levaram a abertura de procedimentos administrativos contra Botafogo e Fluminense. A expectativa do MP é que, ao contrário do Vasco, os três clubes assinem um TAC comprometendo-se a corrigir os problemas.

Continua após a publicidade

“Infelizmente, os clubes encaram esses meninos como simples objetos de lucro”, atesta o promotor Afonso Henrique Lemos Pereira.

Segundo os promotores, os pequenos clubes também serão vistoriados e o trabalho deve ir além do futebol. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, o MP também pretende acompanhar a situação em centros de treinamento de outras modalidades.

LEIA TAMBÉM:

Sonho de muitos, chance para muito poucos

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.