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‘Sangue Azul’: cenas deslumbrantes não compensam roteiro fraco

Tudo ocorre de maneira superficial durante quase todo o filme, rodado nas belas paisagens de Fernando de Noronha

Por Simone Costa
25 out 2014, 10h44

Quase uma década depois do bom resultado de Árido Movie (2005), o diretor Lírio Ferreira lançou mais um longa de ficção: Sangue Azul (Brasil, 2014), que foi premiado como melhor filme no Festival do Rio. Ferreira – que também assina o roteiro ao lado de Sergio Oliveira e Fellipe Barbosa – levou o prêmio de melhor direção e Rômulo Braga, o de ator coadjuvante. No último dia 21, Sangue Azul foi apresentado em São Paulo, na Mostra Internacional de Cinema, numa sessão concorrida, com a presença de vários convidados, entre envolvidos na produção do longa, atores e amigos. Nos cinemas, ainda não há previsão de lançamento.

Sangue Azul narra a história de Pedro (Daniel de Oliveira), um garoto de dez anos cuja mãe, Rosa (Sandra Corveloni), decidiu deixar ir embora com um circo porque temia que uma relação incestuosa pudesse surgir entre ele e a irmã Raquel (Caroline Abras). A família vivia numa ilha paradisíaca, onde o circo Netuno aportaria novamente vinte anos depois. Nesse retorno, Pedro já nem era mais Pedro. Ele adotara o nome Solah, o homem bala. O reencontro da família faria aquela mãe se sentir novamente apreensiva. A chegada da trupe na ilha mudaria também a vida dos moradores, que passariam a ir ao circo todas as noites. Os integrantes do circo aproveitariam a estadia ali para frequentar o bar local, beber e tentar algum envolvimento com os nativos.

O roteiro de Sangue Azul é bastante ambicioso, mas não se cumpre. Não que o longa tivesse de culminar rapidamente no romance entre os irmãos, mas nem mesmo existe o drama ou algo mais profundo sobre a questão. Tudo ocorre de maneira superficial durante quase todo o filme. Há uma solução interessante para o final, mas há uma lacuna no meio.

O longa tem a presença de vários talentos, mas que podiam ter sido mais explorados. Sandra Corveloni – ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes, em 2008, por Linha de Passe, é uma delas. Matheus Nachtergaele surge numa ponta insossa. Milhem Cortaz, na pele do “homem mais forte do mundo”, faz rir em alguns momentos e protagoniza uma cena de sexo homossexual. Ele e Rômulo Braga, este no papel de noivo de Raquel, são os que mais se destacam. Vale ainda citar a presença de Paulo César Pereio na pele de Kaleb, o mais improvável comandante para um circo.

Dos dois protagonistas, Daniel de Oliveira nem de longe lembra o ator que de forma impressionante interpretou Cazuza em O Tempo Não Para (2004). Ele mais parece estar ali, numa atitude despojada, apenas para fazer as quatro ou cinco cenas de sexo de seu personagem – uma delas, com a atriz Christiane Tricerri, a Vega da novela Amor à Vida, que aparece somente para isso. Caroline Abras está mais para coadjuvante da história.

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Filmado em película em Fernando de Noronha, arquipélago pertencente a Pernambuco, Sangue Azul tem uma fotografia deslumbrante, assinada por Mauro Pinheiro Júnior. As primeiras imagens que surgem na tela são em preto e branco, com a trupe do circo erguendo sua tenda na ilha. Depois, as cores saltam na tela, destacando não só a beleza do lugar, mas até mesmo o suor e as tonalidades das peles dos atores. Sangue Azul merecia ser um filme mais consistente porque, apesar de tudo, é visualmente lindo.

Serviço:

26/10 às 16h15 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 3

Rua Frei Caneca, 569 – Bela Vista Tel: (0/xx/11) 3472-2368

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