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Bernanke deixa o Fed para Yellen em tempos de tormenta monetária

Com a recuperação econômica dos EUA, Yellen terá de driblar os membros mais ortodoxos do Fed para adiar o fim dos estímulos monetários do banco e a subida dos juros

Por Marília Carrera
31 jan 2014, 06h33

A partir deste sábado, Janet Yellen será a primeira mulher da história dos Estados Unidos a presidir o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Formada em Economia pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, a sucessora de Ben Bernanke, que deixa a instituição nesta sexta, transmite confiança e respeito ao mercado, em razão de seu irretocável histórico profissional.

Yellen teve sua primeira passagem pelo Fed nos anos 1970, quando trabalhou como economista internacional. Retornou ao órgão na década de 1990 para integrar o conselho de dirigentes da administração de Bill Clinton. Chefiou o Fed de São Francisco em 2004 e seis anos mais tarde foi nomeada vice-presidente do BC norte-americano.

A ampla experiência, entretanto, não alivia Yellen da enorme responsabilidade de assumir o órgão de política monetária mais importante do mundo num momento de turbulência no mercado de câmbio – em que os emergentes são alvo da fuga de capitais devido, justamente, à redução dos estímulos monetários criados pelo próprio Fed para tirar a economia americana da recessão.

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Um de seus principais desafios será lidar com os integrantes mais ortodoxos da autoridade monetária – já que o consenso é fator preponderante para que qualquer decisão seja tomada no Fed. Dentre eles estão Charles Plosser (ex-presidente do Fed da Filadélfia) e Richard Fischer (ex-presidente do Fed de Dallas), que este ano se tornarão membros votantes e terão maior influência dentro das tomadas de decisões do banco.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, explica que os membros mais conservadores do Fed costumam priorizar o controle da inflação e temem que o “excesso” de medidas de incentivo à economia possa estimular o aumento dos preços. Por isso, argumentam a favor da elevação da taxa de juros, atualmente a 0,25% ao ano, e da diminuição mais acelerada do volume de compra de ativos.

Por outro lado, os componentes mais flexíveis do banco, como a própria Yellen, geralmente miram a manutenção do emprego e não enxergam riscos iminentes de pressão inflacionária – inclusive, aceitam com maior resiliência a elevação dos preços. Também defendem a manutenção da taxa de juros a níveis mais baixos e a redução gradual dos estímulos monetários, que atualmente injetam 65 bilhões de dólares por mês no mercado norte-americano.

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É justamente a expectativa que os juros subam que resultou na volta maciça de recursos para os Estados Unidos nos últimos meses. Os juros mais altos significam que a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (considerado o investimento mais seguro que há) poderá subir depois de ficar próxima de zero por mais de quatro anos.

Para garantir a confiança dos membros mais agressivos do banco e manter a taxa de juros na mínima recorde por um período maior de tempo, Yellen deverá estabelecer uma nova meta para a taxa de desemprego no país. Em suas últimas atas, o Fed sinalizou que quando a taxa de desemprego atingisse a marca de 6,5%, poderia ser o início da elevação dos juros. Em dezembro do ano passado a taxa de desemprego caiu para 6,7%, o menor nível desde outubro de 2008.

“Já estamos muito próximos da meta de 6,5% para o desemprego. Até março, acho que podemos atingir essa taxa e para o primeiro semestre, avalio que, na pior das hipóteses, o desemprego poderá chegar a 6%. Quando isso acontecer, Yellen sofrerá pressão da mídia e dos membros regionais para acelerar a retirada dos estímulos monetários”, afirma Eduardo Velho, da INVX Global.

Mesmo com os desafios, o mercado espera que Yellen dê continuidade à gestão de Bernanke, de modo a reduzir gradativamente o volume de compra de ativos em 10 bilhões de dólares por mês. “A Yellen segue o caminho do Bernanke. Com isso, não devemos ver grandes mudanças na gestão do Fed”, diz o professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Paulo Roberto Feldmann, que define a atuação de Bernanke no BC norte-americano como “milagrosa”.

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