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O Pentágono enfrenta o aquecimento global

As Forças Armadas americanas investem em fontes alternativas de energia

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h13 - Publicado em 14 out 2010, 07h14

A mudança climática figura em lugar de destaque no último relatório quadrienal da Defesa

Marines no Afeganistão equipados com painéis solares. Usinas de vento na base naval de Guantánamo. Especialistas da Marinha dedicados a estudar o degelo do Ártico. A dependência de energias poluentes, uma questão que ainda está em discussão na Washington política, é considerado um assunto estratégico no Pentágono.

A mudança climática figura em lugar de destaque no último relatório quadrienal da Defesa, um documento do Pentágono que desenha as ameaças e estratégias dos próximos anos e décadas. O relatório, apresentado no começo do ano, reconhece o impacto que o aquecimento global terá no Pentágono.

Impacto, em primeiro lugar, geopolítico: a mudança climática, segundo o relatório, “contribuirá para a pobreza, a degradação ambiental e ao maior enfraquecimento de governos frágeis”. Os responsáveis da Defesa também advertem que o aquecimento global vai provocar “escassez de água e alimentos, aumentará a propagação de doenças e pode incitar ou exacerbar migrações em massa”.

“Ainda que a mudança climática por si só não cause conflitos pode atuar como acelerador da instabilidade”, diz o documento.

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Inundações massivas ou secas em outros pontos do planeta podem obrigar as forças americanas a intervir em missões humanitárias. Washington preocupa-se com países onde as condições climáticas representem um fator a mais de instabilidade, como Sudão e Somália.

Como registrou numa audiência no Senado Americano em 2009 Kathleen Hicks, uma alta funcionária do Pentágono, a mudança climática “tem o potencial de acelerar o fracasso de estados em alguns casos, e também pode conduzir ao aumento da insurgência quando governos frágeis não conseguem responder aos seus efeitos”.

Além da ameaça geopolítica, a mudança climática gera preocupação interna no Departamento de Defesa. Um aumento do nível dos oceanos colocaria em risco mais de 30 instalações militares americanas situadas em regiões costeiras. A Marinha dispõe de um grupo de trabalho encarregado da mudança climática e responsável, entre outros assuntos, pelo estudo do Ártico.

“Com o avanço da ciência, com mais e mais detalhes sobre o que é provável que aconteça, e sobre onde e quando, será mais fácil para o Departamento de Defesa quantificar o problema e saber o que ele significa para missões militares”, disse meses atrás Christine Perthemore, especialista do Centro para a Segurança Nacional Americana, o laboratório de ideias especializado em questões militares.

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A redução do uso de energias poluentes também obedece à necessidade de diminuir a dependência de países instáveis e, por vezes, rivais dos Estados Unidos. A ideia, um dos eixos do discurso do presidente Obama, é aplicável às Forças Armadas. Os visitantes da base de Gantánamo, na ilha de Cuba, costumam ser surpreendidos pelas usinas eólicas nas colinas. A base, isolada de Cuba, gera sua própria energia.

O caso mais preocupante para Washington é a situação do Afeganistão, onde os soldados e fuzileiros americanos dependem do provimento de petróleo do Paquistão por estradas que sofrem repetidos bloqueios e assaltos.

No final de setembro, uma companhia de fuzileiros foi a primeira a ir à zona de guerra com painéis solares, luzes de baixo consumo e carregadores solares para computadores e equipamentos de comunicação, segundo o New York Times. O jornal explicou que o combustível responde por entre 30% e 80% da carga dos comboios americanos que entram no Afeganistão, “o que aumenta os custos e os riscos”.

A eficiência energética, segundo o relatório do Pentágono, “pode reduzir o número de forças dedicadas a proteger linhas de suprimento energético que são vulneráveis diante de ataques assimétricos e convencionais e interrupções”. Estes militares poderão focar-se na guerra, e o Pentágono, diante de uma política de redução de gastos supérfluos, poderá destinar dinheiro a outras missões, ou simplesmente economizá-lo.

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