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Na Bienal de Arte de SP, é cada um no seu quadrado

Em edição sem estrelas internacionais, curadoria delimita espaço para cada um dos 111 artistas convidados na tentativa de criar intimidade entre público e arte

Por Mariana Zylberkan
Atualizado em 10 dez 2018, 11h11 - Publicado em 1 set 2012, 10h04

A 30ª Bienal de Artes de São Paulo abre à visitação pública no próximo 7 de setembro sob o intrigante, para não dizer enigmático, título A Iminência das Poéticas. Apesar da escolha por duas palavras abstratas, a intenção dos curadores é justamente simplificar a relação entre arte e público para potencializar a experiência de quem se colocar diante de uma das 3 000 obras expostas até 9 de dezembro no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera. Para isso, cada um dos 111 artistas vai dispor de um espaço delimitado para seus trabalhos. “Quando o visitante entrar na sala de determinado artista, ele vai se deslocar da exposição e mergulhar nesse universo específico. Cada sala terá um tom diferente, mas elas serão interligadas”, diz o curador-associado André Severo.

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A tentativa de fazer uma Bienal mais intimista parece acompanhar – ou compensar – a programação mais enxuta do evento. Além de reunir menos artistas (o número caiu de 159 na edição passada para 111 nesta, uma redução de 30%), a Bienal 2012 não conta com nenhum grande nome internacional. Uma das raras exceções à delimitação de espaços expositivos acontece no caso do francês Olivier Nottellet, cuja obra consiste em pintar as paredes e pilastras do prédio da Fundação Bienal projetado por Oscar Niemeyer.

1 Pergunta para o curador Luis Pérez-Oramas

https://www.youtube.com/watch?v=blgD17-Ho9U

Mesmo separados por paredes, os artistas mantêm um diálogo entre si. Essa intersecção entre as obras é a característica principal da curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas. O objetivo, segundo ele, é explorar a percepção da imagem, separando uma coisa da outra e, assim, levar à reflexão sobre a profusão da imagem na sociedade contemporânea – e sobre sua consequente banalização.

No centro do segundo andar, por exemplo, está situada uma das maiores áreas expositivas desta edição, a sala de 400 m² dedicada ao homenageado Arthur Bispo do Rosário. Entre as 348 obras feitas a partir de 804 elementos diferentes, há muitas inéditas, que exibem facetas diferentes – como colagens – de seu trabalho, mais marcado pelo uso de estandartes e bordados. Bordados estão presentes também na sala ao lado, de Fernando Marques Penteado, e ainda na da americana Sheila Hicks, que expõe em outro andar sua obra dedicada ao hibridismo entre escultura e performance.

A relação entre Arthur Bispo do Rosário, Fernando Marques Penteado e Sheila Hicks enriquece a visita das três salas. “A Bienal nos dá a chance de ver a obra de Bispo do Rosário sob um novo ângulo, que não passa necessariamente pela questão da loucura. Exaltamos seu estado de criação pura”, diz Wilson Lázaro, curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. Ainda assim, a loucura é um tema presente no espaço dedicado ao homenageado. Ao lado do Manto da Apresentação, ícone da estética do artista, foi montada uma instalação com 170 peças, como brinquedos e cabides, envoltos numa linha azul desfiada pelo artista do uniforme de interno da instituição psiquiátrica onde passou a maior parte da vida.

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Uma visita à sala de Arthur Bispo do Rosário

https://www.youtube.com/watch?v=6LB9vJ1hfbI

Crise contornada – A 30ª Bienal de São Paulo cumpre assim com sua obrigação de provocar uma reflexão sobre a arte produzida atualmente nesta edição que poderia ter ficado conhecida como a Bienal da crise. As portas do Pavilhão correram o risco de permanecer fechadas e foi cogitado transformar a 30ª Bienal numa trienal.

O curador Luis Pérez-Oramas, em fevereiro do ano passado, pediu 25 milhões de reais para realizar a exposição que, no fim, fechou em 22 milhões, bem abaixo do custo da edição anterior, realizada com 29 milhões de reais.

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O corte nos gastos coincide com a crise fiscal da Fundação Bienal, que teve as contas e a captação de recursos congeladas em janeiro deste ano depois de ter ido parar na lista de inadimplentes do Ministério da Cultura por problemas na prestação de contas de projetos realizados entre 1999 e 2006, que somam 75 milhões de reais. A crise resultou na paralisação financeira da entidade. Diante disso, a gestão dos recursos da 30ª Bienal foi assumida pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Oficialmente, a Fundação diz que a situação foi contornada e a 30ª Bienal vai abrir nas condições previstas.

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