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Tiro pela culatra: primo dá entrevista e incrimina o goleiro Bruno

Jorge Luiz Rosa Sales, que era menor de idade quando Eliza Samudio foi assassinada, tenta proteger o goleiro, mas acaba afirmando que ele "não tinha como não saber" do crime

Por Da Redação
25 fev 2013, 11h54

Pela primeira vez, desde que o assassinato de Eliza Samudio veio à tona, Jorge Luiz Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes, mostrou o rosto e falou sobre a trama macabra para matar a jovem. Em entrevista ao Fantástico de domingo, entre muitos desencontros, ficou clara a intenção do rapaz de proteger o atleta e jogar a maior parte das responsabilidades do crime sobre Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo e braço direito do goleiro, já condenado pela morte de Eliza. A emissora exibiu também bastidores da entrevista, e mostrou como, ao fim da conversa, Jorge Luiz muda de posição e pede para regravar algumas respostas. Nesse momento, diz que Bruno “não tinha como não saber” o que se passava no sítio e o plano “de Macarrão” para matar Eliza. O trecho final da entrevista funcionou como um tiro pela culatra, e será levado pela acusação para o julgamento que começa no próximo dia 4 como mais uma prova do envolvimento de bruno no crime.

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Para levar em contra as declarações do rapaz, é preciso ter em conta o seguinte: Jorge Luiz abre a boca no momento em que se aproxima o julgamento de Bruno, no próximo dia 4, e tem, no futuro do réu, uma parte de seu próprio destino. Ou, resumindo, Bruno livre significa que há um integrante rico na família; Bruno preso significa um detento, amargurado com um parente que fez revelações importantes sobre o caso e que teve papel decisivo para as condenações. Em junho de 2010, quando a ex-amante do jogador foi sequestrada no Rio e levada para Minas Gerais, Jorge Luiz tinha 17 anos. Ele cumpriu um ano e meio de media socioeducativa em um centro de internação para menores, em Belo Horizonte, depois de ser considerado culpado por sua participação no caso. Investigações da Polícia Civil e denúncia do Ministério Público afirmam que o jovem participou diretamente no sequestro de Eliza e do filho dela, o menino Bruninho. Ele é quem teria agredido a jovem dentro do Range Rover a caminho da casa do goleiro, no condomínio no Recreio dos Bandeirantes. Foi ele também quem levou a jovem para ser morta na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. O rapaz confirmou na TV que esteve nos locais e que agrediu Eliza. Mas negou conhecer Bola. Mais que isso: disse não saber quem era Bola – “Que Bola?” – perguntou, demonstrando medo do homem que é apontado como executor e, sem dúvida, o mais perigoso do grupo.

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O site de VEJA entrevistou o promotor Henry Wagner de Vasconcelos assim que terminou a entrevista de Jorge Luiz ao Fantástico. Para ele, a entrevista do rapaz não passou de uma estratégia da defesa para tentar tirar credibilidade de Jorge Luiz, e, assim, esvaziar o teor do que já foi dito por ele à Justiça. O vídeo da entrevista, certamente agora na lista de provas que serão exibidas aos jurados a partir do dia 4, mostra um jovem confuso, que diz ter dado depoimento usando drogas, apresenta contradições. Tudo isso interessa à defesa.

“Tenho certeza que o Jorge Luiz foi orientado pelos advogados que representam o Bruno em dizimar a responsabilidade do primo. Eles querem demonizar o Macarrão e “angelizar” o Bruno. Tanta gente envolvida e presente no sítio e apenas o Macarrão sabia do crime?”, indagou Henry Wagner. Segundo o promotor, a manobra foi um tiro no próprio pé da defesa. “Mesmo com declarações tortas, Jorge Luiz deixa claro que houve um crime e que o primo não tinha como não saber da trama de morte contra a vítima”, afirmou o promotor.

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Contradições – O promotor destaca dois pontos importantes que derrubam as declarações do rapaz, sobre o não envolvimento de Bruno no crime. O primeiro fato citado foi a apreensão do Range Rover do goleiro, durante uma abordagem da Polícia Militar, em Nova Contagem, na região metropolitana de BH. Jorge Luiz estava ao volante, na companhia do motorista Clayton da Silva Gonçalves. Em depoimentos, ambos confirmaram terem recebido ordens de Bruno para que levassem o carro para ser lavado a óleo em uma oficina.

“A limpeza do veículo seria para remover as manchas de sangue resultantes das agressões sofridas por Eliza no interior do carro. A ordem partiu do goleiro. Para infelicidade deles e sorte nossa o veículo foi interceptado por acaso pela PM”, disse o promotor.

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O segundo contra-argumento de Henry Wagner com as declarações de Jorge Luiz é o fato de Macarrão não estar em Minas entre os dias 7 e 8 de junho. No período, ele viajou para o Rio para levar a namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro – ré no processo e já condenada pelo sequestro de Eliza e Bruninho – e entregar a BMW, outro carro usado no crime. Bruno teria tomado o carro emprestado de um amigo para viajar com Fernanda do Rio para Minas, no mesmo dia em que Eliza era transportada no Range Rover com o filho, por Macarrão e Jorge Luiz.

“Na ausência do Macarrão, quem delegava todas as ordens era o próprio Bruno. A prova disso é o depoimento do Clayton. Nele, a testemunha afirma que ele e os demais convidados do churrasco foram impedidos de entrar nas dependências do sítio pelo goleiro. Quando questionou o motivo, foi informando pelo próprio Bruno que o acesso estava restrito por causa da Eliza, que estava sendo mantida em cárcere privado com Bruninho”.

O júri popular do goleiro Bruno e da ex-mulher, Dayanne Rodrigues, começa na próxima segunda-feira. Jorge Luiz foi arrolado como informante tanto pela defesa quanto pela acusação. O jovem não se apresenta como testemunha por ter envolvimento no crime. Em 22 abril, está previsto o julgamento de Bola. Os ex-funcionários de Bruno, o administrador do sítio em Esmeraldas, Elenilson Vítor da Silva, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, foi marcado para o dia 15 de maio.

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