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Macarrão é condenado a 15 anos por assassinato de Eliza

Fernanda Castro, ex-namorada de Bruno, recebeu pena de cinco anos, mas vai recorrer em liberdade. Sentença complica situação do goleiro Bruno e de Bola

Por Leslie Leitão, Marcelo Sperandio e Pâmela Oliveira
23 nov 2012, 23h26

“Este júri foi para confirmar que Eliza Samudio estava morta. O próximo é para saber quem a matou”, afirmou o promotor Henry Castro

Encerrados cinco dias de um júri confuso, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão, por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado. Ele se livrou apenas da acusação de ocultação de cadáver. A ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, pegou cinco anos por sequestro e cárcere privado de Eliza e do menino Bruninho, filho da jovem. A frustração para a acusação e as famílias dos que ansiavam por justiça foi o adiamento do julgamento do goleiro Bruno Fernandes e de Marcos Aparecido dos Santos, o ex-policial Bola, que segundo o Ministério Público foi contratado pelo atleta para matar Eliza. Os demais réus do caso vão enfrentar outro júri, em 4 de março.

A pena de Macarrão é de 15 anos de reclusão – 12 anos em regime fechado por homicídio e três em regime aberto por sequestro e cárcere privado. A pena seria de 20 anos de prisão, mas a confissão durante o depoimento em plenário serviu de atenuante. Em 2015, Macarrão poderá solicitar regime semiaberto. “Foi uma vitória com certeza. Como esse caso foi o maior e o mais importante da minha carreira, posso dizer que, tratando-se de um réu confesso de homicídio, foi a minha maior vitória. A confissão foi uma estratégia acertada porque o beneficiou. Não houve acordo. Neste momento, Macarrão está tranquilo”, disse o advogado de defesa de Macarrão, Leonardo Diniz.

Fernanda recebeu cinco anos de pena, mas responderá em liberdade. Carla Silene, advogada de Fernanda, vai recorrer da sentença. “Iremos recorrer. Dentro do contexto tumultuado do julgamento foi uma vitória. Enfrentamos o júri de cabeça erguida e, por isso, vencemos. Fernanda está livre. Fernanda está cansada, abalada, emocionada, mas saiu vitoriosa”, afirmou Silene. “Este júri foi para confirmar que Eliza Samudio estava morta. O próximo é para saber quem a matou”, disse o promotor Henry Castro.

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A sentença lida às 23h50 desta sexta-feira pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues é resultado do julgamento de seis mulheres e um homem que compuseram o conselho de sentença. Apesar de Bruno e Bola terem escapado deste júri, a avaliação é de que ambos estão a caminho da condenação. Macarrão, abandonado pelo ex-patrão e pelo ex-policial a quem tentou proteger em seu depoimento, afirmando que não conseguiria reconhecer o homem para quem entregou Eliza na noite do crime, rompeu o acordo tácito que havia entre os réus. E afirmou pela primeira vez que Eliza Samudio estava morta.

A história que Macarrão apresentou para os jurados foi um avanço para a acusação. Mas a excessiva preocupação em preservar-se motivou, na parte dos debates, um ataque incisivo do promotor Henry Castro. Para a acusação, Macarrão foi “tão autor quanto Bola”, pois sabia que Eliza seria levada para a morte e nada fez para impedir o crime. “Pressenti que estava levando ela para a morte”, disse Macarrão na madrugada de quinta-feira, assumindo, pela primeira vez, que Eliza não está viva. O Ministério Público (MP) também considerou que Fernanda tinha conhecimento de tudo o que se passava com Eliza.

Para o júri, Macarrão fez uma confissão parcial, que destoava em partes da denúncia do MP. Foi o caso de quando ele afirmou ter conhecido Bola apenas na prisão. A acusação mostrou que, no dia da morte de Eliza, os dois trocaram cinco telefonemas. Macarrão reforçou em sua fala de cerca de cinco horas que tinha uma relação de patrão e empregado com Bruno. Por isso, cumpriu a ordem do goleiro de levar Eliza até o local onde ela seria morta. Leonardo Diniz seguiu esta linha: “Quero que vossas excelências analisem a relação entre um serviçal e um ídolo de futebol”, pediu ao júri.

Depois de Macarrão declarar ter levado Eliza até a morte, o que o coloca como responsável pelo crime de homicídio, Diniz pediu aos jurados que condenassem seu cliente por homicídio simples, sem os qualificadores – motivo torpo, dificultando a defesa da vítima e por asfixia. “Não peço que seja inocentado, mas uma pena justa. Ele disse com toda clareza que o seu sentir é que ela não voltaria mais. Não podemos desencorajar o criminoso a falar. Peço que os senhores não incluam os qualificadores”, disse Diniz, negando os crimes de sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. A defesa de Macarrão foi no sentido de dizer que ele só foi o motorista que levou Eliza ao encontro do algoz a mando do patrão, Bruno, apontado como mandante do crime.

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O promotor rebateu as declarações de Macarrão ao dizer que ele esteve na cena do homicídio e contribuiu diretamente para que isso acontecesse. Castro lançou mão do depoimento de Jorge, primo de Bruno menor de idade à época: “Bola dá uma gravata em Eliza, enquanto Macarrão chuta as pernas dela. E por que Macarrão chutava as pernas dela? Para desequilibrá-la e garantir que a morte dela fosse mais rápida”.

Ainda sobre o depoimento de Macarrão, Henry Castro disse que ele só decidiu falar porque “não teria como escapar da condenação”. E afirma que o réu articulou com seus advogados o que seria dito, para que somente Bruno fosse responsabilizado pela articulação do crime. “Como a condenação era certa, então, que ela viesse de forma atenuada. Tudo foi inteligentemente planejado,” disse Castro.

Bruno – Com a condenação de Macarrão e Fernanda, é grande a possibilidade de o goleiro Bruno receber o mesmo veredicto. Ele é apontado pelo amigo como o mentor do sequestro e do assassinato de Eliza Samudio. “A situação de Bruno se complica. Não é porque condenou aqui, que obrigatoriamente vai condenar no próximo julgamento. Mas, é óbvio, vai pesar favoravelmente à acusação a condenação do Macarrão como o intermediário do crime”, explica o professor de direito Danilo Fernandes Cristofaro, que acompanhou o julgamento de Fernanda e Macarrão. “No próximo júri, o promotor vai acusar Bola de ser o executor, e Bruno, o mentor. Uma condenação aqui aumenta as chances de condenação lá.”

Ainda de acordo com Cristofaro, a repercussão da decisão desta sexta-feira também deve influenciar os jurados que decidirão o futuro de Bruno, Bola e Dayanne no dia 4 de março de 2013. “Só a situação da Dayanne é ainda muito indefinida”, afirmao professor.

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Relembre como foi o 5º e último dia de julgamento:

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<p>Acompanhe em tempo real os principais acontecimentos do quinto e último dia de júri em MG</p>
<p>https://storify.com/vejanoticias/julgamento-do-goleiro-bruno-5-dia/embed?border=true

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