PT cobra explicação de Cardozo sobre ações da PF na Lava Jato
Petistas têm se referido ao ministro da Justiça como "inoperante", "omisso", "egoísta" e "sem pulso firme"
A Executiva Nacional do PT, que se reuniu em São Paulo na última quinta-feira, avaliou os estragos causados ao partido pelas Operações Lava Jato e Acrônimo e tomou uma decisão: chamará o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a fornecer explicações sobre as ações da Polícia Federal — subordinada a ele — que deixaram altos integrantes petistas em situação mais do que desconfortável. Embora o presidente da sigla, Rui Falcão, tenha minimizado a iniciativa (“o objetivo é simplesmente ouvir o ministro”, disse), membros da cúpula enfatizam que a ideia é enquadrá-lo, segundo reportagem publicada neste domingo no jornal O Estado de S. Paulo. Depois que o conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, dono empreiteira UTC, foi trazido à tona por VEJA, a insatisfação em relação a Cardozo só aumentou.
Militante do PT há mais de três décadas, homem de confiança da presidente Dilma Rousseff, o ministro é responsabilizado por alas do partido pela manutenção da prisão temporária do ex-tesoureiro João Vaccari Neto, considerada “arbitrária”, e pelas buscas no escritório do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e na agência Pepper, que presta serviços ao partido. Entre as cobranças a Cardozo está a de que a Polícia Federal abriu uma investigação sobre um carregamento de dinheiro feito por um empresário próximo a Pimentel, mas não apurou casos semelhantes envolvendo tucanos. Para o PT, a PF não teria “isonomia”.
Em conversas reservadas, lideranças petistas usam termos como “inoperante”, “omisso”, “sem pulso firme nem liderança” e “egoísta” para se referir ao ministro. Numa reunião realizada no meio da semana, também em São Paulo, uma dirigente ligada a um parlamentar sugeriu abertamente que o PT peça a demissão de Cardozo. No encontro de quinta, a executiva nacional produziu um documento em que que cinco dos dezesseis pontos lançam críticas sobre a Operação Lava Jato, que vem revolvendo a lama na corrupção na Petrobras. No item número 6, o partido se diz preocupado com os efeitos econômicos do que chama de “prejulgamento” das empreiteiras. Isso mesmo depois de quadros ligados a pelo menos cinco delas terem confessado à Lava Jato participação no mega esquema de desvio na estatal.
(Com Estadão Conteúdo)