PSDB ameaça pedir CPI dos Auditores na Câmara de SP

Principal partido de oposição ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o PSDB discute nesta terça-feira se tentará instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar supostos pagamentos feitos ao atual secretário municipal de Governo, Antonio Donato (PT), homem forte da administração petista, por auditores fiscais acusados de cobrar propina para sonegação de impostos.

“Vamos fazer uma reunião de bancada e a CPI é um dos temas que serão discutidos. Como essas pessoas duraram dez meses após as denúncias? Agora vem o nome de um secretário importante do governo envolvido em denúncia de valores. Ou seja, parece não ter sido apenas uma indicação”, disse o vereador Mário Covas Neto, do PSDB.

Uma escuta telefônica autorizada pela Justiça mostra que Donato foi citado pelo recebimento de 200 000 reais do auditor Luis Alexandre Camargo de Magalhães, um dos quatro servidores da prefeitura presos na semana passada, que delatou o suposto esquema em troca da redução de pena. A conversa foi entre Magalhães, solto na madrugada de desta segunda-feira, e sua ex-companheira, Vanessa Caroline Alcântara. Donato nega ter recebido o dinheiro.

Leia também:

‘Essa história foi uma surpresa’, diz secretário de Haddad

MP investiga o enriquecimento ilícito de 40 fiscais de SP

Auditor acusado de fraudes era filiado ao PMDB

Foco – A bancada do PT também se reúne hoje para estudar como vai tratar o assunto na Câmara. Para protocolar uma CPI são necessárias dezenove assinaturas dos 55 vereadores, exigência que deve dificultar qualquer investigação por parte do Legislativo.

Como as denúncias envolvem as gestões Kassab e Haddad, o PSDB terá dificuldade para conseguir o apoio necessário. Além disso, Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário da Receita Municipal apontado como chefe do esquema de cobrança de propina, tinha bom relacionamento como parlamentares de diversos partidos, incluindo o próprio PSDB, além de PSD, PT, PTB e PR.

Considerado por vereadores como um “técnico qualificado”, Rodrigues visitava com frequência a Câmara e participava de audiências da Comissão de Finanças e Orçamento para discutir os principais projetos da gestão Kassab com os vereadores, antes da análise no plenário da Casa.

Leia também:

Auditor preso pregava combate a fraudes no TCM e na OAB

Hotel, vinhos, carros e lanchas: a vida de luxo dos auditores em São Paulo

(Com Estadão Conteúdo)