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Prisão de Nem: advogados faziam parte da quadrilha

Os três ocupantes do Toyota onde estava o traficante têm registro na OAB-RJ. Eles agora são acusados de corrupção e podem responder por formação de quadrilha

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 nov 2011, 18h50

Advogados dos traficantes presos Marcinho VP e Elias Maluco foram acusados de passar informações para criminosos nos ataques ocorridos no final de 2010 no Rio de Janeiro

A tentativa de fuga do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, é mais um capítulo de uma longa história de advogados cúmplices de seus clientes. Os três homens que abrigavam o traficante no porta-malas do Toyota Corolla preto na noite de quarta-feira têm registro na Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ). São eles: André Luis Soares Cruz, Demóstenes Armando Dantas Cruz e Luiz Carlos Cavalcanti Azenha.

André Luis Soares Cruz e Demóstenes Armando Dantas, que disseram ser, respectivamente, cônsul honorário da República do Congo e funcionário do consulado, têm o mesmo número comercial no arquivo da OAB. Trabalham no mesmo escritório. Eles transportavam Nem quando foram abordados por policiais militares que desconfiaram na traseira rebaixada do carro. Eles chegaram a oferecer um milhão aos PMs em troca da liberação do veículo. Os militares recusaram e, na presença da Polícia Federal, conforme o trio ocupante do Corolla solicitara, o carro foi vistoriado e Nem foi, enfim, encontrado.

Nesta quinta-feira, representantes da OAB-RJ estiveram na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro para colher informações sobre o trio de advogados. Uma comissão da Ordem será encarregada de apurar o ocorrido. Caso a instituição confirme que os três deram cobertura ao bandido e ofereceram suborno aos policiais, poderão ser suspensos provisoriamente até o julgamento do processo disciplinar.

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Os defensores de Nem serão julgados pelo tribunal de ética e disciplina da OAB, responsável por processar advogados acusados de desvio de conduta. Após o julgamento, eles poderão ter como penalidade a exclusão da Ordem. “Se de fato no primeiro exame a ser feito configurar as condutas erradas, eles poderão vir a ser suspensos até o final da conclusão do processo”, disse o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous.

No momento, no entanto, a perda da carteira da OAB deve ser a menor das preocupações dos três ocupantes do Corolla. Por sua conduta, eles podem vir a responder por formação de quadrilha, corrupção e outros crimes.

Os advogados de Nem não foram os únicos a extrapolar o limite da legalidade. Durante este ano os advogados dos traficantes presos Marcinho VP e Elias Maluco foram acusados de terem repassado informações para criminosos soltos da mesma quadrilha. Daí teriam partido as ordens para os ataques ocorridos no final de 2010 no Rio de Janeiro. Na ocasião, ônibus foram queimados, bandidos promoveram arrastões por vias importantes da cidade e cabines da PM se transformaram em alvo de criminosos. O resultado dessa onda de terror- além dos mortos e dos feridos- foi a ocupação do Complexo do Alemão, onde estavam abrigados os responsáveis por cometer a série de violência.

O limite da atuação do advogado criminal é, algumas vezes, pouco claro para alguns profissionais. Damous afirma que a regulamentação da atividade do advogado é minuciosa, e quem faz a confusão entre a defesa do cliente e uma ajuda que extrapola a legalidade é, na verdade, um criminoso. “Aqueles que descumprem os preceitos da advocacia não cumprem a profissão. Estão exercendo um crime”, afirma o presidente da OAB-RJ.

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