Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Lava Jato: cunhada de Vaccari depõe e nega ‘central de propinas’

Suspeita de operar dinheiro ilegal para o ex-tesoureiro do PT, Marice Corrêa de Lima foi confrontada com delações premiadas. Ela pode ser solta nesta terça-feira

Por Felipe Frazão
20 abr 2015, 19h19

Alvo da Operação Lava Jato, Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, depôs nesta segunda-feira na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) e negou irregularidades nas transações investigadas pelo Ministério Público Federal. Suspeita de receber e lavar dinheiro de corrupção para Vaccari e de ter enriquecido de forma ilícita, ela está presa temporariamente desde que se entregou à PF na sexta-feira, um dia depois da prisão de Vaccari. A defesa de Marice diz que ela pode ser liberada nesta terça-feira.

De acordo com as investigações, Marice operava uma central de propinas em casa. O depoimento dela demorou cerca de duas horas e meia. Ela foi confrontada com trechos de delações premiadas em que foi citada, como a do doleiro Alberto Youssef. Ele afirma, por exemplo, que recebeu Marice em seu escritório em São Paulo e entregou a ela 400.000 reais, parte de uma propina enviada a Vaccari e ao PT pela Toshiba, em troca de benefícios na obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras.

Marice disse que “não conhece” e que “não manteve contato direto ou indireto com o doleiro Alberto Youssef”. Ela disse também que desconhece José Ricardo Breghirolli, interlocutor do doleiro na mensagem interceptada pela PF, na qual a residência de Marice é apontada como local para entrega de propina.

Em VEJA: Vaccari, o homem dos presidentes

“Ela basicamente ratificou o depoimento que já havia prestado em novembro do ano passado, com algumas outras perguntas acerca de alguns depoimentos que foram feitos de novembro para cá, mas ela respondeu a todas as perguntas e justificou todos os fatos”, disse o advogado Cláudio Gama Pimentel, que acompanhou o depoimento tomado pelo delegado da PF Eduardo Mauat da Silva. “Foi um depoimento tranquilo. Ela estava serena.”

A prisão temporária de Marice, de cinco dias, expira nesta terça-feira. A critério da PF, a medida pode ou não ser renovada – caso seja por mais cinco dias, ela permanecerá na carceragem da PF em Curitiba. “Espero que não. Não vejo razão para a manutenção da custódia dela. Mas essa decisão o delegado me disse que tomaria em conjunto com o Ministério Público. Só saberemos amanhã [terça-feira] à tarde”, afirmou Pimentel.

Continua após a publicidade

Vaccari repassou R$ 95.000 de empreiteira do clube do bilhão a novo tesoureiro do PT

Novo tesoureiro do PT atacou CPI da Petrobras: ‘Pasadena foi bom negócio’

De acordo com interceptações telefônicas da Operação Lava Jato, a cunhada de Vaccari recebia remessas de dinheiro destinadas ao petista em seu apartamento no bairro Cerqueira César, região central de São Paulo. No dia 3 de dezembro de 2013, Marice recebeu em sua residência duas entregas com o total de 244.260 reais, enviadas pelo doleiro Alberto Youssef a pedido da construtora OAS. Os registros da transação estão em planilha apreendida com o título money delivery (entrega de dinheiro, em inglês).

Negócios – A Justiça Federal suspeita da movimentação financeira e do crescimento do patrimônio de Marice. Ela teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. Em 2011, declarou ter recebido 240.000 reais em indenizações trabalhistas e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No entanto, os investigadores não identificaram o crédito na conta bancária dela.

“O mais próximo deste valor são depósitos mensais entre março e novembro de 2011 do escritório de advocacia Luis E. G. S/C, que totalizam duzentos mil reais, mas sem esclarecimento da natureza ou do propósito desses pagamentos”, escreveu o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.

Continua após a publicidade

Também gerou suspeita de lavagem de dinheiro a compra e a posterior devolução de um apartamento da empreiteira OAS no Guarujá (SP). Vaccari foi cotista de uma unidade no mesmo prédio, e o ex-presidente Lula montou um tríplex no Edifício Solaris. O empreendimento era da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que foi presidida por Vaccari e de onde ele teria desviado dinheiro para o PT, segundo o Ministério Público de São Paulo.

“Como ali consta, Marice Correa Lima havia declarado o pagamento de 200.000 reais até 31/12/2012 pelo imóvel, mas ao desistir do negócio, em 2013, recebeu como devolução o valor de 430.000 reais. Mesmo a correção monetária dos valores pagos aparenta não justificar a diferença, uma vez que os pagamentos, segundo as declarações de rendimentos, iniciaram-se apenas em 2011.”

Em 2013, depois de receber de volta o apartamento, a OAS o revendeu por 337.000 reais, valor abaixo do pago pela construtora a Marice. Ela teria emprestado o dinheiro à sobrinha Nayara de Lima Vaccari, filha de Vaccari. Ela e a mãe, Giselda, também são investigadas por lavagem de dinheiro e por enriquecimento ilícito.

Segundo Marice, a fonte dos 200.000 reais usados para comprar seu apartamento de praia em Guarujá foi uma indenização por danos morais do PT. A quantia teria sido paga em cheques do partido pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado petista, após acordo com a legenda. Ela disse ter feito uma conciliação registrada em contrato com o PT por “ofensa” ao ter sido citada no escândalo do mensalão como operadora de um pagamento de 1 milhão de reais à Coteminas. Não houve notificação judicial ou extrajudicial. À época, Marice era coordenadora administrativa do partido. Marice confirmou ter emprestado dinheiro à sobrinha Nayara para a compra de um imóvel.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.