Justiça do PR envia documentos sobre Vargas ao STF
Provas obtidas pela Polícia Federal contra deputado petista serão alvo de análise no Supremo. Demais crimes investigados ficarão no Paraná
A Justiça Federal no Paraná decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos da Polícia Federal que citam o deputado André Vargas (PT-PR) no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão foi do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal. A remessa dos autos ao Supremo ocorrerá por causa do foro privilegiado do parlamentar, que pediu afastamento da vice-presidência da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira por dois meses.
“Revendo os autos constato que, entre os diversos fatos investigados, foram colhidos, em verdadeiro encontro fortuito de provas, elementos probatórios que apontam para relação entre Alberto Youssef e André Vargas, deputado federal”, escreveu Moro. “Prematura a afirmação de que tal relação teria natureza criminosa. De todo modo, falece à este juízo competência para processar e julgar feito envolvendo deputado federal.”
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Caberá agora ao STF decidir pelo prosseguimento da investigação sobre as relações do petista com o doleiro Alberto Youssef, preso pela PF. O juiz determinou a separação das provas obtidas pela PF sobre a relação entre Vargas e Youssef dos demais relatórios da Lava Jato. A PF apura a prática de crimes financeiros, corrupção e lavagem de dinheiro. Apenas a parte relacionada ao petista será enviada ao STF, em até dez dias. Moro decidiu dar continuidade, na Justiça Federal do Paraná, às investigações sobre “supostos crimes de evasão de divisas, corrupção de empregado público da Petrobras e crimes de lavagem de dinheiro (até de produto de tráfico de drogas)”.
Sociedade – A situação de Vargas se agravou após reportagem de VEJA desta semana revelar novos detalhes de sua estreita ligação com o doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Youssef, a quem Vargas chamava de “irmão”, pagou um jato para o petista viajar nas férias. E os laços não param por aí: VEJA mostrou que o deputado petista e o doleiro trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o governo federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal mostram que Vargas exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef.
As investigações da PF mostram que Vargas articulava para ajudar o doleiro a obter um contrato com o Ministério da Saúde. Em mensagens trocadas em setembro do ano passado e interceptadas pela PF, Youssef fez um apelo a Vargas: “Tô no limite. Preciso captar”. O vice-presidente da Câmara prontamente respondeu: “Vou atuar”. No mesmo dia, técnicos do Ministério da Saúde, então comandados por Alexandre Padilha, hoje candidato ao governo de São Paulo, foram destacados para certificar o laboratório farmacêutico Labogen Química Fina e Biotecnologia, de propriedade do doleiro. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta.