Futuro ministro do STF será sabatinado pelo Senado dia 5
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça pretende entregar relatório da indicação de Luís Roberto Barroso nesta quarta-feira
Indicado para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o constitucionalista Luís Roberto Barroso será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no próximo dia 5, anunciou nesta terça-feira o presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB). O parlamentar será relator da indicação de Barroso e pretende apresentar o relatório já nesta quarta-feira. Barroso é a quarta indicação da presidente Dilma Rousseff para a Corte.
A rapidez no agendamento da sabatina – etapa fundamental para que o jurista possa ser confirmado como futuro ministro da Corte – abre espaço para que o tribunal esteja com a composição completa de onze ministros durante o julgamento dos recursos dos condenados pelo mensalão. A tendência é que os embargos declaratórios sejam julgados apenas no segundo semestre, o que permitiria a participação do futuro ministro.
Glossário
EMBARGO DECLARATÓRIO
Recurso utilizado para esclarecer omissões ou contradições da sentença. Pode corrigir trechos do veredicto do tribunal, mas não serve para reformular totalmente a decisão dos ministros
EMBARGO INFRINGENTE
Recurso exclusivo da defesa quando existem quatro votos contrários à condenação e que permite a possibilidade de um novo julgamento do réu. Apenas os trechos que constam dos embargos podem ter seus efeitos reapreciados; o restante da sentença condenatória segue intacta
Com a indicação de Barroso, as pressões por mudanças na sentença do mensalão passam a ser divididas entre ele e o também recém-nomeado Teori Zavascki, que não participou do julgamento do mérito da ação penal, mas que deve atuar na fase de recursos dos condenados.
Preparado – Luís Roberto Barroso afirmou durante visita ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta terça-feira, esperar que esteja pronto para ocupar uma cadeira de ministro do Supremo. “As coisas têm o seu tempo próprio. Portanto, quando chegar a hora eu espero que esteja pronto e à altura do cargo para o qual fui indicado e à altura até da expectativa que me foi manifestada. Deus me abençoe”, disse.
O advogado disse que vai se preparar com “humildade” e “empenho” para a sabatina, destacando que essa é uma fase que dá “transparência” à indicação de Dilma. “A sociedade brasileira está prestando mais atenção ao Supremo, de modo que eu encaro com muita seriedade a sabatina, pretendo me preparar e responder com autenticidade tudo o que eu possa razoavelmente responder.”
Perfil – Natural de Vassouras, no Rio de Janeiro, Barroso é filho de um promotor de Justiça aposentado e de uma advogada da antiga Rede Ferroviária Federal. Tem dois filhos. Especializado em Direito Constitucional, ele possui um importante escritório no Rio de Janeiro.
Advogado desde 1981, Barroso se graduou em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e, posteriormente, passou pelas universidades de Yale e Harvard, ambas nos EUA. No momento, atua como professor titular da UERJ e visitante da Universidade de Brasília (UnB).
Como advogado constitucionalista, atuou em casos importantes no STF, como a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias, a união civil de pessoas do mesmo sexo, o aborto de anencéfalos e o controverso julgamento que terminou com a não extradição do terrorista italiano Cesare Battisti. Na época, Barroso disse que estava convencido de que o italiano não tinha envolvimento com os homicídios em seu país, apesar da condenação, e afirmou que a defesa de Battisti era uma “causa justa”.
Barroso também costuma escrever artigos para jornais. Em um texto, publicado em 2005 no jornal O Globo, citou a cassação do mandato de deputado de José Dirceu, condenado por chefiar o esquema do mensalão, para criticar o que chamou de “judicialização da vida”. No artigo, disse que era “impossível não assinalar a obstinação com que [Dirceu] resistiu à cassação de seu mandato parlamentar”.
(Com Estadão Conteúdo)