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Em Minas, eleição vira questão de honra para Aécio

Senador tucano vai se dedicar ao seu reduto eleitoral para tentar salvar a campanha de Pimenta da Veiga ao governo estadual e evitar fiasco do PSDB

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 set 2014, 08h53

Na última quinta-feira, depois de mais de um mês longe de Minas Gerais, o candidato à Presidência do PSDB, Aécio Neves, desembarcou em Belo Horizonte para aquela que passou a ser considerada missão prioritária de sua campanha: salvar a eleição do seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga (PSDB), e alavancar o seu próprio desempenho em um terreno que conhece como ninguém. Ex-governador do Estado duas vezes, Aécio aparece em terceiro lugar nas pesquisas com o eleitorado mineiro: tem 22% das intenções de voto no segundo maior colégio eleitoral do país. Parte da dificuldade é atribuída por aliados à estagnação da candidatura de Pimenta da Veiga.

Em uma reunião a portas fechadas na quinta, Aécio discutiu com a irmã e coordenadora de comunicação de sua campanha, Andrea Neves como dar uma guinada na disputa pelo Palácio da Liberdade e reabilitar o candidato tucano. A eleição de Pimenta da Veiga contra o petista Fernando Pimentel tornou-se uma espécie de questão de honra para Aécio.

De antemão, o candidato do PSDB à Presidência comprometeu-se com aliados a intensificar a presença como cabo eleitoral em Minas e disse estar “à disposição” para fazer até dez viagens ao Estado até o dia 5 de outubro. Uma semana antes, já havia partido de Aécio a determinação de mudar a equipe de campanha de Pimenta da Veiga. Foram substituídos postos-chaves no time tucano – saíram Nárcio Rodrigues e Alexandre Silveira. O publicitário Cacá Moreno foi responsabilizado por parte do fraco desempenho de Pimenta. O presidente do PSDB em Minas, Marcus Pestana, foi enquadrado para não vazar estratégias da reta final da campanha tucana. E Andrea Neves passou a coordenar diretamente cada passo da plataforma de Pimenta.

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Depois de a cúpula do PSDB exigir ajustes nos programas do partido exibidos na TV, a orientação é elevar o tom dos ataques a Pimentel nos moldes de campanhas como as dos Estados Unidos e da Argentina, onde candidatos são desconstruídos dia a dia na propaganda política. Uma das primeiras estratégias é vincular o líder nas pesquisas locais, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao desaquecimento do setor industrial, além de colocá-lo como corresponsável pelo quadro recessivo da economia brasileira. “A campanha de Pimenta não conseguiu detectar erros antes. Então essa troca de comando foi feita porque perceberam que a campanha precisava ser aprimorada. A campanha de Pimenta não soube usar a força de Aécio. Mais do que qualquer ação errada, houve uma falta de ação”, afirma o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).

Em reunião interna com 78 deputados que apoiam a candidatura de Pimenta, o senador Aécio Neves deu novas ordens sobre como subir o tom da campanha do aliado. Em uma espécie de discurso motivacional, disse “não ter cabimento” que o PT governe Minas Gerais – que ainda tem 26% de eleitores indecisos, segundo o último levantamento Datafolha. Em outra frente, o ex-secretário de Governo de Aécio, o deputado licenciado Danilo de Castro, recebeu carta branca para ampliar as negociações no varejo político e foi escolhido para conter a qualquer custo defecções de aliados, debelar a insatisfação de prefeitos queixosos com a falta de interlocução com líderes do partido e ampliar votos em regiões consideradas cruciais, como o Triângulo Mineiro e o interior do Estado. O PSDB já conseguiu mapear parte da militância petista que tem se infiltrado em encontros de prefeitos e de lideranças locais em busca de contatos municipais.

“Precisamos ampliar a motivação da campanha e o recado é para deixarmos os petistas desempregados”, diz o deputado Lincoln Portela (PR-MG), aliado da candidatura de Pimenta. “O programa de TV vai mudar. E vai ter uma motivação aos deputados para a vitória”, completa Danilo de Castro.

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Atrasado – Aliados de Pimenta da Veiga afirmam que Aécio Neves deveria ter socorrido o aliado antes, e não esperar até as semanas que antecedem o primeiro turno. Eles afirmam que a equipe de Pimenta da Veiga subestimou o poder das bases políticas e de prefeitos aliados na captação de votos e reclamam ainda que Andrea Neves, Danilo de Castro e o ex-governador Antonio Anastasia, candidato ao Senado, não têm interlocução direta com as bases. Por isso, prefeitos e deputados estaduais e federais foram convocados para “levar” o nome de Aécio a microrregiões e cidades-polo e o vincular ao nome de Pimenta da Veiga. Levantamento interno do PSDB mostra que quase 25% do eleitorado mineiro não relaciona o candidato do PSDB ao governo estadual ao nome de Aécio.

Aos apoiadores mais “enciumados” e aos críticos de que Pimenta da Veiga teria demorado demais para pedir socorro do candidato à Presidência, Aécio fez uma espécie de mea culpa e justificou a ausência em Minas alegando uma “maratona gigantesca” para conseguir votos na corrida presidencial. Na reunião com aliados, ouviu apelos até para que ligasse pessoalmente para municípios mineiros no interior do Estado para pedir votos para Pimenta da Veiga.

Embora parte da cúpula tucana em Minas reclame da baixa arrecadação para a campanha de Pimenta ao Palácio da Liberdade, o principal componente para a intervenção do PSDB nacional foi político. Além de debelar disputas internas entre apoiadores, a ordem é desidratar o movimento “Pimentécio”, que prega votos em Aécio Neves para presidente e Fernando Pimentel para governador. Ao contrário do PSDB, que busca nacionalizar a eleição mineira, o petista trabalha se desvincular da imagem da presidente Dilma Rousseff e tenta relacionar seu nome ao de Aécio, antigo aliado em eleições passadas.

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Nos programas eleitorais do PSDB mineiro, também houve mudanças imediatas da imagem de Pimenta da Veiga. Começaram a sumir tons de vermelho, que remetem ao PT, e devem ser ampliadas marcas do partido, como o tucano, a imagem de Aécio e os dois mandatos seguidos do partido à frente do Estado. “Pimenta teve dificuldades iniciais evidentes, mas seguramente o PSDB de Minas é muito mais forte do que o PT, tanto em número de prefeituras como pelas realizações que tem e pelos muitos desafetos que o PT tem em nível nacional”, avalia o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).

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