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Delegado indicia diretor de escola de samba

Osvaldo Nico Gonçalves ouviu nesta quinta-feira depoimento de dirigentes de escolas de samba sobre tumulto na apuração do resultado do Carnaval 2012

Por Cida Alves
23 fev 2012, 17h07

O delegado Osvaldo Nico Gonçalves indiciou o diretor de carnaval da Camisa Verde e Branco, Alexandre Salomão, pelo tumulto na apuração do resultado dos desfiles das escolas de samba de São Paulo. Salomão foi indiciado por danos ao patrimônio público e supressão de documentos. “Há imagens dele rasgando os envelopes com notas das escolas”, afirmou Nico. Salomão responderá pelos crimes em liberdade, já que não tem antecendentes criminais, não foi preso em flagrante e, segundo o delegado, não oferece risco à sociedade. Alexandre Salomão, da Camisa, aparece em fotos e em gravações de vídeo rasgando e chutando envelopes que estavam na mesa dos jurados, logo depois da ação de Tiago Faria – que arrancou as notas da mão do locutor que lia os resultados, os rasgou e fugiu. O advogado da Camisa, Adriano Salles Vanni, tentou nesta quinta justificar a atitude de Salomão, dizendo que ele rasgou envelopes vazios. A versão não convenceu a polícia. “Ele vai ter que provar que eram envelopes vazios”, disse Nico. O delegado disse ter identificado também o homem que aparece em fotos e filmagens jogando papéis para o alto atrás de Salomão. Ele se chama Adão, é integrante da escola de samba, será chamado a depor e, de acordo com Nico, será indiciado pelos mesmos crimes que Salomão. Na tarde desta quinta-feira, Josélia Alves, que também integra a direção da Camisa, depôs por quarenta minutos na Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista, na região central de São Paulo. Salomão será ouvido na sequencia. Segundo Nico, Josélia será investigada por incitação ao crime, já que aparece em imagens gritando e estimulando dirigentes de escolas de samba a invadirem o palco onde eram lidas as notas das escolas de samba. A polícia enviou as filmagens fornecidas por emissoras de televisão para a perícia e, a partir do laudo, determinará quem responderá por quais crimes. O crime de incitação não prevê prisão. Em depoimento, Josélia negou ter participado de qualquer combinado para invadir a área da apuração. Segundo ela, as conversas entre os diretores naquele momento tratavam de questionamentos às notas dadas às agremiações por jurados que foram trocados na véspera do desfile das escolas de samba. Até agora, apenas duas pessoas foram presas, em flagrante, pelo tumulto: Tiago Faria, da Império de Casa Verde, e Cauê Ferreira, da Gaviões da Fiel. Os dois respondem por danos ao patrimônio público e supressão de documentos. Nico disse nesta quinta-feira ter material suficiente para indiciar ainda outros dirigentes de escolas de samba. Ele crê no envolvimento de cinco agremiações na confusão: Império de Casa Verde, Camisa Verde e Branco, Gaviões da Fiel, Vai-Vai e Pérola Negra. Estão agendados para amanhã os depoimentos do vice-presidente da Gaviões, Wagner da Costa; e dos presidentes da Pérola Negra, Edílson Carlos Casal; e da Tom Maior, Luciana Silva. Na segunda-feira, a polícia ouve os presidentes da Rosas de Ouro, Angelina Basilio; da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira; da Vai-Vai, Darly Silva; e os diretores da Vai-Vai Renato Maluf e Caio de Souza Santos. Incêndio – A polícia analisa imagens filmadas do helicóptero da RedeTV! para tentar identificar quem causou o incêndio que destruiu um carro alegórico da Pérola Negra poucos minutos depois da confusão na mesa dos jurados durante a apuração, na terça-feira. Nico informou nesta quinta que vai pedir ajuda dos dirigentes da Gaviões da Fiel para identificar os vândalos. Veja as imagens. Defesa – O advogado de Josélia e de Salomão, Adriano Sales Vanni, confirmou que o diretor da Camisa Verde e Branco foi indiciado por supressão de documento. Para a polícia, ele rasgou votos e não envelopes vazios, como sustenta. A versão da defesa de Salomão é de que ele foi até a mesa da apuração em busca dos votos do quesito Comissão de Frente para protegê-los em meio à confusão, já que acreditava que poderiam salvar a escola do rebaixamenteo. Quando viu os envelopes vazios, teve um acesso de raiva. “A perícia vai comprovar que os envelopes estavam vazios”, disse Vanni. Mas o delegado Luiz Fernando Saab, que preside o inquérito, diz que, embora não tenha saído o resultado da perícia, documentos foram rasgados. Segundo o advogado, a Polícia Militar tinha autorizado a entrada do diretor na área da apuração. Em seu depoimento, Josélia negou conhecer Tiago e Cauê, que foram presos no episódio. Nem ela nem Salomão, disse Vanni, presenciaram qualquer tentativa de acordo para que não houvesse rebaixamento no Carnaval deste ano. Segundo o delegado Saab, Josélia não aparece em imagens rasgando papeis e, quando o tumulto começa, ela se afasta. Davi Gerbara, advogado da Gaviões da Fiel, afirmou que a ação de Cauê foi “da própria consciência” dele e que não há provas de que ele pegou papeis na mesa de apuração. Ele também foi indiciado por supressão de documentos. O prazo para conclusão do inquérito é de trinta dias.

O diretor de carnaval da Camisa Verde e Branco, Alexandre Salomão (à frente), rasga e amassa envelopes com notas das escolas
O diretor de carnaval da Camisa Verde e Branco, Alexandre Salomão (à frente), rasga e amassa envelopes com notas das escolas (VEJA)

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