Assessor da ‘tropa de choque’ de Cunha tenta cadeira no CNJ
O jovem Lucas de Castro Rivas tem o apoio de diversos líderes partidários para virar conselheiro do órgão responsável pelo controle do poder Judiciário
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo controle do poder Judiciário, pode ter como um de seus próximos conselheiros um personagem-chave para que o processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética tenha deixado a sua marca como o mais longo da história. Conhecido assessor da “tropa de choque” de Cunha, o jovem Lucas de Castro Rivas, 24 anos, coletou assinaturas dos principais líderes partidários para ser indicado à vaga que será aberta no órgão em outubro.
A lista com as assinaturas partidárias chegou à mesa do plenário da Câmara nesta quarta-feira, um dia após o Conselho de Ética aprovar a cassação de Cunha. O processo se arrastou por oito meses graças às manobras de aliados do peemedebista, na maioria assessorados por Rivas. Ainda cabe recurso da decisão do colegiado e já há uma outra frente estratégica para abrandar a punição da perda do mandato – uma consulta que altera as regras no processo de cassação que, conforme o site de VEJA mostrou, foi também elaborada por Lucas Rivas.
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Advogado, o jovem assessor legislativo coleta desde abril assinaturas dos congressistas. Entre os que apoiaram a sua indicação estão os líderes do PR, Aelton Freitas (MG), do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), e o deputado Givaldo Vieira (ES), que assinou como líder do PT. Então representante do PSC, o atual líder do governo, André Moura (SE), também chancelou o nome de Rivas para o CNJ.
A indicação de Rivas provocou a reação de adversários do presidente afastado da Câmara. “É um prêmio pelos serviços prestados para Eduardo Cunha. Ele pode ter um notório saber jurídico, mas mais notória ainda é a ligação que ele tem com o peemedebista”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Rivas rebate as declarações, nega ter recebido o apoio de Cunha e exalta seu currículo, com passagens por uma universidade americana e mestrado, para chegar à vaga. “Minha candidatura foi feita com base no que os deputados viram na minha competência”, afirmou.
Nos bastidores, fala-se que também deve disputar a vaga no CNJ o advogado Renato Ramos – outro nome ligado a Cunha. Ele assessorou o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) em parecer na comissão do impeachment de Dilma Rousseff e já defendeu Cunha de forma privada. O peemedebista também já emplacou um aliado no Conselho Nacional do Ministério Público, o advogado Gustavo do Rocha Vale. Rocha deixou o órgão em abril, quando foi nomeado como subchefe da Casa Civil do governo interino de Michel Temer.
O CNJ é formado por quinze conselheiros, sendo nove magistrados, dois membros do Ministério Público, dois advogados e dois cidadãos considerados de reputação ilibada – que é onde entram as indicações da Câmara e do Senado. O atual representante da Câmara é Emmanoel Campelo, cujo mandato termina em outubro. Os conselheiros do órgão fiscalizador têm mandato de dois anos, prorrogáveis pelo mesmo período.